Cortejo saiu da Câmara de Vereadores e seguiu até o Cemitério São Miguel. (Foto: Micheline Darl)
Na tarde deste domingo (8), o corpo do compositor João Silva foi enterrado no Cemitério São Miguel, em Arcoverde,
no Sertão pernambucano. Depois do velório na Câmara de Vereadores do
município, familiares, amigos e fãs do artista acompanharam o cortejo
guiado por caminhão do Corpo de Bombeiros, que levava o caixão e alguns
sanfoneiros. Quando da notícia da morte, na sexta (6), a prefeitura
decretou luto oficial que segue até esta segunda-feira (9).
João Silva, parceiro musical de Luiz Gonzaga
(Foto: Reprodução/TV Globo)
O poeta José Maria Marques, também biógrafo de João Silva, esteve
presente às cerimônias e lembra da produção do artista. “A obra dele –
personificada na figura de Luiz Gonzaga – é da mesma linhagem nobre de
Humberto Teixeira e Zé Dantas. Gonzaga, inclusive, atingiu um disco de
ouro a partir de João, que conservou o legado”, contou. Lançado em 2009
pelas Edições Bagaço, o livro de Marques é intitulado “Mestre João Silva
– Pra não morrer de tristeza – O maior parceiro de Luiz Gonzaga”. “Eu
poderia escrever dez livros sobre ele”, declarou.
De acordo com o cantor Kleber Araújo, a biografia fez aproximar mais o
compositor à terra natal. “Nossa ligação ocorreu no ano de 2009, quando
fizemos o lançamento do livro em Arcoverde e João Silva fez um show
aqui”, lembrou. Desde então, Kleber conta que se tornou parceiro do
compositor, colocando letra na música instrumental “Sol de Olinda”,
também assinada por Luiz Gonzaga. “João era muito ligado à gente do
Coletivo Cultural de Arcoverde [Cocar]. Tanto que, em 2012, João foi
considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco e nós fomos a instituição
responsável por indicá-lo”, disse.
Artistas tocaram composições de João Silva.
(Foto: Kleber Araújo)
Dentre as homenagens à região e à terra natal, João Silva deixou uma
nova música com Kleber Araújo. Chamada “Porteira do Sertão”, ele é quem
deve lançar a canção em disco, que já é preparado para antes das festas
juninas.
Causa da morte
João Silva foi encontrado sem vida por vizinhos na sexta-feira (6),
depois de três dias sem que ninguém conseguisse contato com ele, no Recife.
Antes de ser levado ao Sertão, o corpo foi encaminhado ao Instituto de
Medicina Legal (IML), para descobrir a causa da morte. Ele tinha 78 anos
de idade e 71 anos desde o primeiro contato com a música, aos sete anos
de idade, quando começou a tocar pandeiro.
Aos 17 anos, apresentou-se no programa "Domingueira", no Rio de
Janeiro, e acabou se tornando um dos principais parceiros de Luiz
Gonzaga. A amizade começou nos anos 1960. Duas décadas depois, João
produziu "Danado de bom", que vendeu em três meses 1,6 milhão de cópias e
passou a compor somente para o Rei do Baião. A viúva de João Silva, Benildes Nogueira, contou que o marido estava preparando um novo projeto e já tinha gravado demonstrações do repertório.
O compositor teve mais de duas mil músicas gravadas por cantores
brasileiros. Entre os destaques estão "Nem se despediu de mim", "Pagode
russo" e "Deixa a tanga voar".
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