segunda-feira, 3 de novembro de 2014

AOS CAROS AMIGOS DA FAMÍLIA ARRAES





          Assusta-me o que tenho visto pela imprensa e nas redes sociais sobre o chamado caso Marília Arraes. Relutei muito para não me intrometer no assunto, mas depois de muito me conter, esgotei a paciência com uma postagem no blog de Roberto Almeida, que fazia referências ao que entendo como uma ostensiva cizânia que se implanta, sorrateiramente, para destruir a família Arraes:
“Marília Arraes se impõe como a defensora das bandeiras históricas do PSB pernambucano, alinhado sempre à esquerda, em contraponto aos novos posicionamentos que o partido adotou em âmbito nacional nas eleições presidenciais deste ano, quando declarou apoio ao tucano Aécio Neves (PSDB).”

            Essa declaração do blogueiro não corresponde à verdade dos fatos, uma vez que a Vereadora já estava no palanque adversário desde junho, ainda com Eduardo Campos como candidato. Logo, não tem nada a haver com a opção do Partido por Aécio. Em seguida, vem um declaração de Antonio Campos, em resposta à uma de Marília:“Apesar disso, as afirmações de Marília são rebatidas pelo seu primo Antônio Campos, irmão de Eduardo: “A minha posição pessoal, a de Renata e dos meus sobrinhos e a da maioria da família Arraes, não a unanimidade, é de apoio a Aécio”, afirma.”

               Diante da matéria e mesmo sabendo que estou pisando em terreno minado, ouso intrometer-me, de forma inconveniente, em assuntos que considero estritamente DE FAMÍLIA. Infelizmente ganhou lamentáveis contornos como de matéria pública, o que autoriza a quem quer que seja se intrometer. Lamentável que isso aconteça, uma vez que devia estar sendo tratado como questão de família, em que as eventuais divergências deveriam ser resolvidas em ambiente ESTRITAMENTE familiar.

              Todos sabem das minhas ligações com o Mestre e Grande Líder Miguel Arraes, a quem acompanhei durante 52 (cinquenta e dois anos) até a sua morte em 2005. Nunca blasonei intimidades que não tinha, nunca entrei na sua casa que não fosse a convite dele ou de sua família.

             Sempre considerei nossa relação como de Mestre e Discípulo e, por força desta aproximação, aprendi a respeitar e querer bem a toda família sem qualquer distinção, começando pela querida D. Almina e seus filhos. Um respeito muito grande por D. Madalena e seus dois filhos de sangue (Pedro e Mariana); bem como aos demais filhos de Arraes, a começar por Marcos (particular amigo); Ana Lúcia (que tornou-se minha bandeira federal, após a morte de Arraes); Nena (achou pouco e casou com Decinho, grande amigo de minha família); meu querido filho adotivo Luis Cláudio, Lula, que quase me mata de orgulho e emoção quando se ofereceu para substituir o meu filho Zéivan no seu falecimento; de Eduardo e Renata que cometeram uma simbiose maravilhosa com a união de duas famílias dignas.

               Tive um pai, o meu velho Zébatatinha que tinha como obsessão, e nos transmitia sempre, a imperiosa necessidade da união da família em qualquer circunstância. Como em toda família grande, tínhamos esporádicos desentendimentos, logo administrados por ele prontamente. Vejo, contristado, acontecer essa divergência pública da família Arraes e já se fala em família Campos, como se fora outra. Será que ninguém percebe que isso é uma desconstrução da história de Miguel Arraes, que seus históricos adversários tentam montar ?

            Não aguento mais as manifestações mediúnicas de centenas de intérpretes do pensamento de Arraes, nem tolero mais o surgimento de milhares de “Arraesistas Históricos”. Longe de mim seguir esse caminho caviloso, mas consegui aprender com muito esforço algumas questões defendidas pelo meu Mestre. Uma delas é que não se pode nem deve confundir questões pessoais com políticas e assevero que Arraes nunca teve “inimigos políticos” e sim “adversários políticos”. Nunca ouvi de Arraes, ao longo de todos esses anos, um referência pessoal desairosa sobre qualquer “adversário político”.

                      Lembram que na ocasião de assumir em nome de Pernambuco o Distrito de Fernando de Noronha, fez questão de descobrir o paradeiro do coronel do Exército, seu carcereiro na ilha, e convidá-lo para participar da cerimônia ?

         Desculpem-me, queridos familiares de Arraes, mas não posso permanecer impassível diante desse episódio, que duvido muito acontecer se ele estivesse vivo.  Sentem ao redor de uma mesa, tomem um café bem forte como ele gostava, desarmem os espíritos, desanuviem o semblante, não alimentem o rancor que só faz mal a quem o cultiva, lembrem que o sangue que corre em suas veias é o mesmo, fiquem certos que as divergências serão sempre efêmeras desde que as tratemos assim. Convençam-se de que, por mais significativas que sejam, as homenagens dedicadas ao Mestre Arraes, com nomes de ruas, hospitais, prédios, instituições, estradas, etc. serão sempre insignificantes diante do bem maior que é A UNIÃO DA FAMÍLIA e a preservação da sua história.

                     Desculpem mais uma vez o que pode parecer impertinência de um velho com validade vencida ao intrometer-se aonde não deve, nem estou querendo interpretar o pensamento de Arraes mas, sim, e o faço com toda a veemência, interpretando o sentimento de milhares e milhares de pessoas que o honraram com respeito e admiração por sua determinação de acudir aos mais necessitados e buscar a paz com os seus semelhantes. 

E nós, estamos fazendo o que ?

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