Após uma longa ausência, tenho a alegria de retomar o Radar da Mídia e assim restabelecer este agradável convívio com todos aqueles que acompanham o blog.
Voltar ao Brasil é ocasião para se defrontar com as bizarrices da política externa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os agentes desta nova diplomacia ou os engajados com o estilo lulo-petista de governar não cessam de exaltar a “projeção internacional” alcançada pelo Brasil e o próprio presidente Lula, em suas desmedidas palavras, afirma que o País deixou de lado a síndrome de “vira-latas”. Toda essa auto-exaltação é compreensível, pois afinal a propaganda de contornos goebbelianos tornou-se outra grande especialidade deste governo.
Como sempre, os espíritos “equilibrados”, avessos aos embates, em sua ânsia de se acomodar, buscam explicações para as atitudes inexplicáveis do presidente e de sua diplomacia. Para alguns serão meras gafes; para outros, simples inexperiência; para outros ainda, apenas o desejo de contentar alguns radicais do PT. Como se fosse natural jogar com o destino internacional do Brasil, apenas para fazer agradinhos a descontentes, nas filas partidárias.
Estou convicto – e não estou só nesta postura – de que as mais profundas razões que inspiram esta estapafúrdia política externa são ideológicas. E estou convicto disso, entre outros motivos, porque são os próprios mentores dessa política externa que o afirmam.
Lulinha “paz e amor”
Desde que tomou posse em 2002, Lula (bem como seus assessores) avisou que o verdadeiro sentido ideológico do governo petista seria encontrado na política externa. A afirmação é compreensível.
O radicalismo ideológico de Lula sempre assustou a massa da população brasileira. Por isso se tornou necessária internamente uma metamorfose no discurso, no modo de se apresentar e nas metas políticas.
A famosa “carta aos brasileiros” era o passaporte da moderação e numa penada tudo parecia jogado no passado. Dali para a frente só haveria o “lulinha paz e amor”.
A renúncia às metas radicais das propostas econômicas socialistas que tinham feito a marca do PT “atestavam”, também a nível internacional, a moderação de Lula da Silva.
Mas subjacente a esse “lulinha paz e amor” continuou a existir o Lula adepto do socialismo cubano, o Lula cúmplice do chavismo, o Lula simpatizante dos movimentos guerrilheiros, o Lula de um antiamericanismo esquerdista quase doentio, o Lula que tentava projetar as teorias da luta de classes para as relações internacionais, num enfrentamento entre nações ricas e pobres.
E ao longo de quase oito anos o descompasso da política interna e da política externa foi evidente. Moderação aqui, radicalização progressiva lá fora.
Mas é bom não esquecer. Inúmeras vezes, Lula tentou trilhar na política interna a via do radicalismo ideológico, mas invariavelmente a reação de setores dinâmicos da opinião pública o fizeram recuar. A mais recente tentativa é o Plano Nacional dos Direitos Humanos, PNDH 3.
Ao se aproximar o término do mandato de Lula, a diplomacia lulo-petista decidiu extremar ainda mais suas posições. E estamos nisso.
Hipocrisia ideológica
É um desses atos da hipocrisia ideológica da diplomacia lulo-petista que pretendo aqui comentar.
O economista Paulo Nogueira Batista Júnior, alinhado às alas mais radicais do PT, foi nomeado pelo Ministro Mantega como representante brasileiro no Fundo Monetário Internacional (FMI). Nogueira Batista , crítico acérrimo da política econômica do governo Lula, gerou um incidente diplomático com a Colômbia ao demitir a representante do país no órgão. A demissão foi arbitrária e rompeu um acordo diplomático tácito.
Uma primeira contradição chama a atenção. O governo Lula nomeia para um cargo dessa importância um crítico de sua política econômica, o que de si é revelador! A política econômica dita ortodoxa afinal é mantida não por convicção, mas por necessidade e oportunismo político. O coração ideológico do lulo-petismo está nos antípodas dessa mesma política econômica.
A outra contradição diz respeito ao espírito “dialogante” da diplomacia nacional. Nas relações com o Irã dos ayatollahs, Lula diz estar disposto a estender a mão até ao último momento a um regime ditatorial e persecutório, financiador e promotor do terrorismo islâmico e cujas omissões e fraudes no programa nuclear “pacífico” se evidenciam a cada dia.
Também em relação à cruel e já longa ditadura comunista da Coréia do Norte, que mantém todo um país na miséria e utiliza campos de concentração para confinar seus opositores, o presidente afirma que é necessário compreensão e jamais a advertência, a censura ou a condenação. Isto para dar apenas dois exemplos.
Entretanto, em relação à Colômbia, nação irmã, onde vigora o Estado de Direito, onde um governo legítimo exerce suas funções, o tratamento diplomático lulo-petista é bem diverso: o punho de aço.
Diálogo... só às vezes
Entenderam bem a posição “dialogante” da diplomacia de Lula? Só tem uma mão, em relação a regimes de esquerda ou ditatoriais, ou ainda fomentadores do islamo-fascismo.
Ao mesmo tempo que fala em dialogar até ao último minuto com o Irã dos ayatollahs, a diplomacia lulista usa punho de aço contra a nossa vizinha e irmã Colômbia? E por quê?
Por uma razão pura e simples: porque o Presidente Álvaro Uribe, contrariando a tendência suicida de seus predecessores de “dialogarem” com os terroristas das FARC, (fazendo na prática todas as concessões que permitiam ao grupo terrorista ditar suas leis revolucionárias no País), decidiu com grande êxito e com apoio maciço da população usar a política de “tolerância zero” em relação ao terrorismo. Ora, a agonia das FARC desagrada ao lulo-petismo, por suas simpatias ideológicas mais ou menos explícitas com o grupo terrorista.
Viés chavista da política externa
Extraio da revista Veja (21.abr.2010) alguns trechos das declarações de Rodrigo Botero, ex-ministro da Fazenda e grande conhecedor da política latino-americana, a respeito da “grosseria” diplomática que levou ao afastamento da representante colombiana no FMI:
Voltar ao Brasil é ocasião para se defrontar com as bizarrices da política externa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os agentes desta nova diplomacia ou os engajados com o estilo lulo-petista de governar não cessam de exaltar a “projeção internacional” alcançada pelo Brasil e o próprio presidente Lula, em suas desmedidas palavras, afirma que o País deixou de lado a síndrome de “vira-latas”. Toda essa auto-exaltação é compreensível, pois afinal a propaganda de contornos goebbelianos tornou-se outra grande especialidade deste governo.
Como sempre, os espíritos “equilibrados”, avessos aos embates, em sua ânsia de se acomodar, buscam explicações para as atitudes inexplicáveis do presidente e de sua diplomacia. Para alguns serão meras gafes; para outros, simples inexperiência; para outros ainda, apenas o desejo de contentar alguns radicais do PT. Como se fosse natural jogar com o destino internacional do Brasil, apenas para fazer agradinhos a descontentes, nas filas partidárias.
Estou convicto – e não estou só nesta postura – de que as mais profundas razões que inspiram esta estapafúrdia política externa são ideológicas. E estou convicto disso, entre outros motivos, porque são os próprios mentores dessa política externa que o afirmam.
Lulinha “paz e amor”
Desde que tomou posse em 2002, Lula (bem como seus assessores) avisou que o verdadeiro sentido ideológico do governo petista seria encontrado na política externa. A afirmação é compreensível.
O radicalismo ideológico de Lula sempre assustou a massa da população brasileira. Por isso se tornou necessária internamente uma metamorfose no discurso, no modo de se apresentar e nas metas políticas.
A famosa “carta aos brasileiros” era o passaporte da moderação e numa penada tudo parecia jogado no passado. Dali para a frente só haveria o “lulinha paz e amor”.
A renúncia às metas radicais das propostas econômicas socialistas que tinham feito a marca do PT “atestavam”, também a nível internacional, a moderação de Lula da Silva.
Mas subjacente a esse “lulinha paz e amor” continuou a existir o Lula adepto do socialismo cubano, o Lula cúmplice do chavismo, o Lula simpatizante dos movimentos guerrilheiros, o Lula de um antiamericanismo esquerdista quase doentio, o Lula que tentava projetar as teorias da luta de classes para as relações internacionais, num enfrentamento entre nações ricas e pobres.
E ao longo de quase oito anos o descompasso da política interna e da política externa foi evidente. Moderação aqui, radicalização progressiva lá fora.
Mas é bom não esquecer. Inúmeras vezes, Lula tentou trilhar na política interna a via do radicalismo ideológico, mas invariavelmente a reação de setores dinâmicos da opinião pública o fizeram recuar. A mais recente tentativa é o Plano Nacional dos Direitos Humanos, PNDH 3.
Ao se aproximar o término do mandato de Lula, a diplomacia lulo-petista decidiu extremar ainda mais suas posições. E estamos nisso.
Hipocrisia ideológica
É um desses atos da hipocrisia ideológica da diplomacia lulo-petista que pretendo aqui comentar.
O economista Paulo Nogueira Batista Júnior, alinhado às alas mais radicais do PT, foi nomeado pelo Ministro Mantega como representante brasileiro no Fundo Monetário Internacional (FMI). Nogueira Batista , crítico acérrimo da política econômica do governo Lula, gerou um incidente diplomático com a Colômbia ao demitir a representante do país no órgão. A demissão foi arbitrária e rompeu um acordo diplomático tácito.
Uma primeira contradição chama a atenção. O governo Lula nomeia para um cargo dessa importância um crítico de sua política econômica, o que de si é revelador! A política econômica dita ortodoxa afinal é mantida não por convicção, mas por necessidade e oportunismo político. O coração ideológico do lulo-petismo está nos antípodas dessa mesma política econômica.
A outra contradição diz respeito ao espírito “dialogante” da diplomacia nacional. Nas relações com o Irã dos ayatollahs, Lula diz estar disposto a estender a mão até ao último momento a um regime ditatorial e persecutório, financiador e promotor do terrorismo islâmico e cujas omissões e fraudes no programa nuclear “pacífico” se evidenciam a cada dia.
Também em relação à cruel e já longa ditadura comunista da Coréia do Norte, que mantém todo um país na miséria e utiliza campos de concentração para confinar seus opositores, o presidente afirma que é necessário compreensão e jamais a advertência, a censura ou a condenação. Isto para dar apenas dois exemplos.
Entretanto, em relação à Colômbia, nação irmã, onde vigora o Estado de Direito, onde um governo legítimo exerce suas funções, o tratamento diplomático lulo-petista é bem diverso: o punho de aço.
Diálogo... só às vezes
Entenderam bem a posição “dialogante” da diplomacia de Lula? Só tem uma mão, em relação a regimes de esquerda ou ditatoriais, ou ainda fomentadores do islamo-fascismo.
Ao mesmo tempo que fala em dialogar até ao último minuto com o Irã dos ayatollahs, a diplomacia lulista usa punho de aço contra a nossa vizinha e irmã Colômbia? E por quê?
Por uma razão pura e simples: porque o Presidente Álvaro Uribe, contrariando a tendência suicida de seus predecessores de “dialogarem” com os terroristas das FARC, (fazendo na prática todas as concessões que permitiam ao grupo terrorista ditar suas leis revolucionárias no País), decidiu com grande êxito e com apoio maciço da população usar a política de “tolerância zero” em relação ao terrorismo. Ora, a agonia das FARC desagrada ao lulo-petismo, por suas simpatias ideológicas mais ou menos explícitas com o grupo terrorista.
Viés chavista da política externa
Extraio da revista Veja (21.abr.2010) alguns trechos das declarações de Rodrigo Botero, ex-ministro da Fazenda e grande conhecedor da política latino-americana, a respeito da “grosseria” diplomática que levou ao afastamento da representante colombiana no FMI:
- "A destituição de María Inés Agudelo por Nogueira Batista viola o acordo de cavalheiros que existe há pelo menos quatro décadas entre o Brasil e a Colômbia. Nunca houve antes um incidente como esse. (...) Foi o rompimento com uma prática saudável de convivência em que se cultiva a tolerância (...). Esse incidente afeta diretamente as relações bilaterais entre os países. Não estamos diante de uma questão meramente burocrática. O Planalto e o Itamaraty devem compreender que a grosseria de Nogueira Batista não colabora em nada para a boa vontade de outros países em relação à política internacional brasileira.
Nogueira Batista não pode invocar o argumento de incompetência para destituir a colombiana. Agudelo possui mais credenciais acadêmicas que Nogueira Batista. As diferenças de Batista com Agudelo se devem a concepções incompatíveis sobre política econômica. (...) Agora, se bem entendo, as políticas mencionadas são as mesmas que vêm sendo aplicadas com sucesso no Brasil desde os anos 90. Mandar a Washington um representante que execra a política econômica de seu próprio país é uma manifestação clara do realismo mágico latino-americano por parte do governo brasileiro. (...)
As relações entre Colômbia e Brasil, no FMI, foram tradicionalmente cordiais, baseadas no respeito mútuo. A afronta de Nogueira Batista constitui um desrespeito, um insulto. O governo colombiano notificou o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, de que Nogueira Batista não está autorizado a interferir em assuntos relacionados à Colômbia. (...)
Existem aspectos desconcertantes na diplomacia brasileira na América Latina. Dou três exemplos recentes. Primeiro, ter declarado que Hugo Chávez é o melhor presidente que a Venezuela teve em 100 anos. Segundo, ter equiparado o preso político e mártir da ditadura cubana Orlando Zapata, falecido na prisão depois de uma greve de fome, a um delinquente comum. Isso é uma indecência, uma obscenidade. O terceiro foi permitir que a Embaixada do Brasil em Honduras servisse de palco para a ópera-bufa encenada por Manuel Zelaya. Além de revelarem falta de profissionalismo diplomático, esses episódios contribuem para a percepção de que a política regional tem um viés a favor do chavismo.
Minha impressão é que essa aparente esquizofrenia tem uma explicação em função das tensões no interior do PT. Lula teve de repudiar a plataforma de seu partido e adotar uma política econômica ortodoxa. Esse alinhamento exigiu que Lula apaziguasse o descontentamento da extrema esquerda do PT. Como prêmio de consolação, delegou a gestão das relações latino-americanas a personagens como Marco Aurélio Garcia e seus seguidores.
O Brasil atua como uma potência. De fato, como uma superpotência. No entanto, mesmo as superpotências devem saber lidar com as nações vizinhas. A Colômbia não tem pretensão de ser uma grande potência, mas não é um país insignificante, o qual se possa atropelar. Somos a quarta maior economia da América Latina.
A Colômbia ocupa um lugar particular na América Latina. Não faz parte do Mercosul e também não pretende participar de projetos como a Telesur e o Banco del Sur. A Colômbia é contra a proposta de substituir a OEA (Organização dos Estados Americanos) por uma organização que exclua o Canadá e os Estados Unidos. Ao contrário de outros países da região, mantivemos o sistema democrático durante as décadas de 70 e 80, quando prevaleciam as ditaduras militares no Cone Sul. O país também não apoiou a invasão argentina às Malvinas, em 1982. A Colômbia atribui importância primordial às relações com Canadá, Estados Unidos e União Europeia, tendo negociado acordos de livre-comércio com esses países. Aos nossos vizinhos que aspiram a encontrar uma fonte de dinamismo comercial e progresso tecnológico no Rio da Prata, desejamos sorte. Mas o interesse colombiano não recomenda seguir seu exemplo. A vontade de discordar da opinião majoritária dos sul-americanos em determinados temas não trará aplausos ao estado colombiano no Foro de São Paulo ou no Movimiento Continental Bolivariano (ambos eventos de esquerda). O custo dessa impopularidade é tolerável." (O realismo mágico do PT no FMI).
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