sexta-feira, 28 de maio de 2010

DICIONÁRIO DA DIVERSIDADE CULTURAL FOI LANÇADO NA SEGUNDA FEIRA 25 DE MAIO


 

 

Do Jornal do Commercio
 
Bocomoco, borocoxô, danou-se, dragonilda, cambada, fazer o rapa, infeliz das costas oca, inferninho, muxoxo, o cão chupando manga, pantim, periguete, porradinha, galalau, troço, virado num mói de cuento, zabumba, bumba meu boi, escravo, farinha, cerveja, cachaça, feira do troca, bode veio, cata-corno, mazuca, metido a galo cego, porco, açúcar, mandioca, caju, inhame, cangaço, rapadura, queijo coalho, dona Brites, Leão Coroado, Guerra do Caju, estopô, grude, hino de Pernambuco, Isle Delphine, pirraia, pipipã, Torres gêmeas do Recife, cabuloso, rádio patroa...
O professor universitário, dramaturgo, ator e historiador Adriano Marcena teve um trabalho do cão para dar forma a um projeto ousado da goitana, resultado de dez anos fuçando papéis e de muita conversa jogada fora, anotando tudo o que achasse curioso e relevante (até termos de baixo calão), ordenando, dando trato à bola para escrever o Dicionário da Diversidade Cultural Pernambucana. O lançamento ocorre nesta segunda (25), às 17 horas, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), na Avenida Cruz Cabugá. O catatau quase mil páginas traz 15 mil verbetes e tem meia centena somente de bibliografia. O preço é salgado, mas vale o quanto pesa a obra: R$ 260, principalmente se você não souber o significado de alguma palavra, expressão ou nome acima.
Diversidade aqui tem sentido bem amplo, não se trata de gênero. O dicionário foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Estadual de Cultura e tem um caráter sério, linguístico e lexicográfico. Os puristas vão ficar de boca troncha, mas os defensores da pernambucanidade aplaudirão a iniciativa. Uma coisa é certa: a obra tem sustância, instrui, diverte e tenta por ordem na casa de mãe Joana que é o registro de termos e aspectos culturais importantes para a preservação de história e da cultura do Leão do Norte.
Marcena não inventou a roda. Seu trabalho hercúleo vem aumentar a família de obras consultadas por ele: Vocabulário pernambucano, de Pereira da Costa, Dicionário de folclore para estudantes, de Mário Souto Maior e Rúbia Lóssio, Dicionário do Nordeste, de Fred Navarro, Dicionário do frevo, de Nely Carvalho, Sophia Karlla Mota e José Ricardo Paes Barreto, Minidicionário de pernambuquês, de Bertrando Bernardino, Pequeno dicionário do Natal, de Roberto Benjamim e Aurélia, a dicionária da língua afiada, de Angelo Vip e Fred Libi.
Quando decidiu escrever o Dicionário da Diversidade Cultural Pernambucana, em 1998, Adriano Marcena lecionava arte-educação e percebia que durante as datas festivas do Natal, Carnaval, ano-novo, Páscoa e São João, muitos professores perguntavam-no sobre as origens dos festejos, folguedos e personagens que faziam parte dos enredos. “Comecei a notar que o processo cultural não era encarado sobre a ótica histórica, social, política, econômica e, principalmente, simbólica. Percebi também que alguns professores, além de muitos alunos, não davam importância às manifestações culturais que estabeleciam uma identidade com os grupos sociais que estavam envolvidos na festiva”.
Marcena começou o que ele chama de “namoro com a história antropologizada” para assim fundamentar melhor o seu pensamento na tentativa de responder algumas perguntas que o batucavam em sua cabeça. Sabia que estava procurando sarna pra se coçar. “A fase mais difícil foi responder a seguinte pergunta: quais os elementos culturais que representam os pernambucanos? De forma genérica, o que falamos, comemos e bebemos, escrevemos, tememos, cremos, festejamos, choramos, dançamos, cantamos, tocamos, vestimos, gesticulamos, insultamos, além do que erguemos enquanto bens materiais e imateriais, enfim, o que caracteriza Pernambuco através de suas regiões geográficas”, explica o pesquisador.

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