sexta-feira, 28 de maio de 2010

ROBERTO ALMEIDA E UMA LIÇÃO DA VIDA COMO ELA É

Ultimamente as polícias têm intensificado em Garanhuns as operações anti-droga. Somente nesta última quinta-feira, como relata Eduardo Peixoto em seu blog, a partir do boletim de ocorrências da PM, foram feitas apreensões de maconha e crack em várias ruas da Boa Vista, Liberdade, Várzea e Cohab II. As evidências são claras de que a droga avança cada vez mais em Garanhuns. Está presente nessas periferias, no centro, nas casas, nas escolas. Por que uma cidade tranquila, de porte médio, de repente se vê diante de um problema típico das grandes metrópoles? Ora, a droga hoje está presente até mesmo nos pequenos municípios da região. Nos meus tempos de menino e rapaz ninguém ouvia falar disso por aqui. Nem em Capoeiras, Caetés, Angelim, Jupi ou mesmo Garanhuns. Hoje tem sempre um rapaz ou uma moça por aí experimentando um baseado ou uma cheirada num desses troços. Reflexo da sociedade moderna, da desagregação da família, dos noticiários da televisão, do desemprego, da falta de opções e da educação capenga - em casa e na escola pública. Melhoramos em muitas coisas, os avanços na medicina, nas condições de moradia, no conforto dentro de casa para muitos são inegáveis. Por outro lado, temos inchaço nas periferias das grandes cidades, inclusive aqui em Garanhuns. Tem leitor considerando preconceito, mas não é: uma coisa é morar na parte boa do bairro Aluízio Pinto, em Heliópolis ou na área central da cidade. Outra é viver na Várzea, na Brahma, no Indiano, nas Cohabs, em Manoel Chéu. Há mais pobreza, menos lazer, escolas de qualidade inferior, famílias esfaceladas pela desinformação e pela falta de recursos. Os meninos ou meninas querem tênis bonito, calça de marcas, ajeitar os cabelos, curtir festas, se divertir... Terminam encontrando poucas oportunidades de apreciar essa vida "pequeno burguesa". Uma festa aqui outra ali, os amigos... ao som de bandas de gosto duvidoso, surge a oportunidade de experimentar emoções mais fortes... Aí vem o sexo antes da hora, o álcool, o cigarro, a maconha, o crack... Da necessidade de grupos (termina sendo criada a necessidade) surge o traficante, o negociador, o inescrupuloso que pensa em fazer dinheiro à custa do vício. É um problema social e político, complexo. Só as batidas policiais não vão resolver. É preciso a união dos governos Federal, Estadual e Municipal, investimento nas escolas, envolvimento dos clubes de serviços, dos professores, dos comunicadores, das igrejas... Só quando todos tomarem consciência da seriedade do problema ele poderá ser resolvido ou minimizado. Enquanto a cidade crescer de forma desordenada, sem políticas públicas corretas, Garanhuns e outros municípios vão estar convivendo com a expansão das drogas.



MAteria do jornalista e escritor Roberto Almeida

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