sábado, 26 de junho de 2010

PATRIMÔNIO VIVO DA CULTURA ALAGOANA PERDEU TUDO NA ENCHENTE

Irinéia Rosa foi considerada patrimônio vivo da cultura 
alagoana
A artesã Irinéia Rosa Nunes da Silva, 61 anos, mora na comunidade de Muquém, em União dos Palmares (AL), cidade atingida pela enchente da madrugada de sábado (19).  Ela é uma das remanescentes do Quilombo dos Palmares e foi considerada, em 2005, patrimônio vivo da cultura alagoana. Irinéia transforma barro em esculturas de pessoas e animais. Durante a enxurrada,  provocada pela chuva em União dos Palmares, nesta semana, o ateliê dela ficou debaixo de água, e cerca de duas mil peças de cerâmica se perderam na enxurada. O G1 sobrevoou áreas atingidas pela chuva.
"São encomendas de clientes do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e até da Europa. Muita gente me ligou para saber como eu estou, como estão as pessoas da comunidade quilombola e também para saber como ficaram as peças de cerâmica", disse Irinéia.
A artesã afirmou ainda que não sabe quando poderá retomar o trabalho. "Não poderemos permanecer neste lugar, pois agora é uma região de risco para enchentes. Por enquanto, estou preocupada em ajudar as pessoas da comunidade a limpar as casas e tentar recuperar o que foi perdido com a água."
Irinéia chegou a ficar entre os dez finalistas de um prêmio internacional de artesanato, em 2004. Passados seis anos, ela carrega com orgulho o reconhecimento da arte que aprendeu com sua mãe, que vai além das fronteiras da comunidade isolada de quilombola. "Espero, quem sabe, usar essa minha arte para poder reerguer essas casas", disse ela.
A artesã, em meio ao barro inútil para sua arte, tenta separar alguma das peças que já estavam prontas para ser entregues para a transportadora. "Ainda preciso olhar todas as peças para saber o que dá para aproveitar. Tem cabeças - uma das obras mais conhecidas dela -, bustos, alguns vasos, cumbucas, peças pequenas como potes e até peças maiores como as bonecas", afirmou Irinéia, que calcula um prejuízo em torno de R$ 3 mil.
"Vão se os anéis, mas ficam as mãos. Tenho fé que vou recuperar tudo com a força do meu trabalho", disse Irinéia.


texto e foto do G1

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