domingo, 4 de julho de 2010

FESTIVAL IBERO AMERICANO - 20º CINE CEARÁ

LUIZ JOAQUIM*

  
 
No 20º Cine Ceará: Festival Ibero Americano, mais uma vez a Costa Rica (como na abertura do festival) serviu de cenário para o longa-metragem projetado. "O Último Comandante" (El Último Comandante, 2010) é uma co-produção daquele país com o Brasil, cujo principal vínculo daqui é seu diretor Vincente Ferraz - do bom "Soy Cuba: O Mamute Siberiano" (2005) -, que assina o filme ao lado de sua companheira, a nicaraguense Isabel Martínez.

Em memória a "Soy Cuba...", havia uma certa expectativa para saber como Ferraz se saria na condução deste longa de ficção que também olha para a recente história de tensão guerrilheira entre os vizinhos Nicarágua e Costa Rica. Tanto que, a primeira imagem da película aponta para a estrada que liga um país ao outro.

Nela, sabemos que uma mulher volta a Costa Rica, 30 anos depois. Ela está pobre e em busca de uma amor do passado. No caso, o ex-guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) Paco (Damián Alcazar), que hoje vive de forma decadente e no anonimato na Costa Rica, bailando e dando aulas de Chá Chá Chá.

Os primeiro três minutos de "O Último Comandante", com seus cortes bruscos e diálogos sem fôlego para oxigenar a dramaturgia entre os atores, anunciava o que viria adiante: uma desarticulação entre os dois (ou três, ou quatro?) blocos dramáticos do enredo: que eram 1) a nova vida de Paco e 2) a busca de sua primeira companheira por ele. Num segundo plano, tínhamos também o drama de sua segunda companheira, uma cantora negra, acoólotra; e um ex-comandado por Paco no período da guerrilha.

Pareceu também insipiente, ou mal aplicadas, algumas inserções de imagens de arquivo como o depoimento do então presidente americano Ronald Reagan sobre sua intervenção na América Central, ou a aparição relâmpago da posse de Violeta Chamorro em 1990 quando derrotou os Sandinistas. Para quem não é íntimo do tema, tais inserções caêm estéreis. Vê-se, entretanto, no decorrer do filme, um desenvolvimento interessante para a construção do personagem de Paco. Um homem complexo que acreditava no coletivo e precisou tornar-se um individualista para sobreviver.

Dos três curtas competindo na quarta-feira - entre eles o ingênuo horror "Ouija", de Marcelo Galvão, e o bom documentário "Fractais Sertanejos", de Heraldo Cavalcanti -, o destaque ficou com "Ensáio de Cinema", de Allan Ribeiro, pela sua sugestão e concretização para o imaginário e grandiosidade que o cinema pode proporcionar, mesmo que dentro de um pequeno apartamento em Santa Teresa.

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