Há poucos dias na Faculdade de Direito de Garanhuns, um professor na sala de aula abordou o assunto. E condenou essa “mania de metido a besta” por parte de muitas pessoas de nossa cidade. Contou para os alunos uma história envolvendo seu pai, que no passado sofreu um ato de discriminação porque não tinha recursos, enquanto a outra parte envolvia gente rica. O tempo passou e atualmente o pai desse profissional de ensino está bem de vida e comprou a casa do ricaço que o humilhou anos atrás. Este último hoje está pobre. Esse sentimento burguês, esse ar empinado de alguns garanhuenses, vai e volta está de volta às discussões e merece um estudo sociológico. Lembro que o professor Rafael Brasil, filho de ex-prefeito, uma vez teve negada a ficha de filiação numa locadora local. Motivo alegado: “Não gostamos de cadastrar gente do interior”. Isso porque o meu amigo mora em Caetés. Ele saiu constrangido se perguntando: “Garanhuns é capital de quê?”. Um intelectual da cidade, outro dia me fez uma crítica. Não foi pelo texto, por erros de gramática, pelo posicionamento político ou pelo conteúdo. Seu argumento: “Também! Ele é de Capoeiras!”. Ora, meus queridos leitores e leitoras, essa é a mesma burrice e ignorância dos Sudestinos que discriminam o Nordeste. Tire o povo de Paranatama, São João, Calçado, Lajedo, Jupi, Capoeiras, Caetés, São Bento, Canhotinho, Saloá, Águas Belas, Angelim e outras cidades que a orgulhosa Suíça Pernambucana vai ficar do tamanho de Manari.
Esse caso revelado hoje, envolvendo o professor Guga Passos (também professor da AESGA) não é de estranhar. Essa “cultura burguesa” está entranhada em Garanhuns de uma forma impressionante. A mocinha aqui trabalha no comércio, ganha salário mínimo e compra roupa de marca, se endividando até os cabelos, mas não perde a pose. Tem gente de carro novo e bonito, a casa uma mansão, mas se você prestar atenção deve até no salão de barbeiro.
Ainda hoje conversei com uma prima que está morando em Maceió. Está acostumada à capital alagoana. Ninguém repara sua vida, pode se vestir de maneira simples em qualquer lugar e não tem que aturar o nariz empinado dos ricos e falsos ricos de sua terra natal.
Logicamente essa questão é histórica, vem de longe, talvez herança dos tempos do café e do algodão. Um dia precisa mudar. Quem sabe no dia em que entrar na Prefeitura um político que se sinta cidadão comum, largue o paletó e a gravata, esqueça a pose e não se sinta um rei. Tenha a consciência de que é mortal e tudo é passageiro. Dando esse exemplo aos cidadãos, outros vão se convencer de que ninguém é melhor do que ninguém. E a gente vale pelo que é, não pelo que tem. Até porque, alguns possuem bens mal adquiridos e esses eu não invejo de jeito nenhum.
Por uma Garanhuns mais bem cuidada, mais bonita e mais simples. Abaixo o sentimento burguês!
(Na imagem a reprodução de um quadro do pintor francês Geeorge Seurat. A intenção do artista foi fazer uma crítica à sociedade burguesa de sua época).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante para nós. Deixe-o aqui e participe desse universo onde a opinião de cada um tem o poder de fazer as coisas ficarem sempre melhores.