CAROS AMANTES DE GARANHUNS,
Alguns tecnocratas andaram anunciando, como decisão de Governo, uma
desastrada intervenção no encaminhamento do traçado da duplicação da
BR-423 (São Caetano-Garanhuns), ação da maior importância para todo o
Agreste Meridional que é imensamente grato ao Governador Eduardo Campos
pela decisão governamental de implantar essa duplicação.
Entretanto, alguma coisa está destoando da extraordinária iniciativa.
No dizer do poeta, “as cidades nascem dos sonhos” e esses sonhos não
podem ser destruídos por uma insensibilidade burocrática. Os luminares
de engenharia rodoviária e urbanística recusam-se considerar a absoluta e
inarredável necessidade de inclusão, no projeto executivo, de uma alça
de contorno à cidade de Garanhuns, sob a medíocre alegação do alto custo
da obra e, com isso, pretendem DESPEJAR o consequente adensamento de
tráfego em uma via urbana da cidade que acarretará – sem qualquer dúvida
– na destruição de uma boa parte de Garanhuns. Isso é uma prática
predatória, gerada por técnicos ainda aferrados a conceitos medievais,
que nenhuma cidade do mundo atual admite mais.
Claro que essa alça proposta faria parte de um anel rodoviário
contornando a cidade para racionalizar a capilarização de um importante
entroncamento rodoviário, com fulcro em nossa cidade e que não está
sendo devidamente avaliado. Claro que, para sua construção, não se pode
atentar, apenas, para o seu custo, mas, sobretudo, para os seus aspectos
técnicos, econômicos, sociais, políticos, urbanísticos, ambientais,
mobilidade urbana (o mal do século), qualidade de vida, etc. não podendo
se ater a mesquinhos indicadores de custo , sem avaliar sua
economicidade.
Por falar em economicidade, os técnicos “esquecem” de observar a
circunstância de que TODA A FAIXA DE DOMÍNIO DA ESTRADA A SER DUPLICADA
ENCONTRA–SE PRESERVADA NAS MESMAS CONDIÇÕES DE SUA DESAPROPRIAÇÃO
OCORRIDA HÁ MAIS DE TRINTA ANOS, ainda no governo Nilo Coelho. O custo,
portanto, para desapropriações do percurso é SIMPLESMENTE ZERO.
Excetuam-se, logicamente, as intervenções de interseção das estradas e
acessos a cidades ao longo do seu trajeto, que existirão de qualquer
modo e que evidenciam a significativa economicidade do projeto.
São importantes, portanto, algumas observações:
ENTRONCAMENTO RODOVIÁRIO:
Cruzam em Garanhuns algumas rodovias alcançando cidades importantes no contexto nordestino:
a) A própria BR-423, com início em São Caetano servindo em seu trajeto:
Cachoeirinha, Altinho, Ibirajuba, Lajedo, São Bento do Una, Belo jardim,
Canhotinho, Jupí, Jucatí, Calçados, Vila de Neves, Vila de São Pedro,
Paranatama, Saloá, Iatí, Aguas Belas, Itaíba, Tupanatinga, Buique e
Arcoverde; daí em diante cruza todo sertão alagoano, até alcançar a
cidade de Paulo Afonso na Bahia.
b) A PE-177, com início em Palmares, servindo em seu trajeto: Catende,
Belém de Maria, Lagoa dos Gatos, Vilas de Laje Grande e Batateiras,
Jaqueira, Maraial, São Benedito do Sul, Quipapá - onde alcança a BR-104
ora em duplicação - , Panelas, Cupira, Agrestina, Caruaru, Canhotinho,
Angelim, Palmeirina e São João.
c) A BR-424, com início na Região do Pajeú, servindo em seu trajeto
Arcoverde, Pedra, Venturosa,Caetés, Capoeiras, Vila de Poço Comprido,
Correntes e entra no Estado das Alagoas em Santana do Mundaú até
alcançar Maceió.
d) PE-218, que já está a exigir também sua duplicação, com início em
Garanhuns, servindo em seu trajeto Brejão, Terezinha, Bom Conselho, até
alcançar a divisa com o Estado das Alagoas no município de Palmeira dos
Índios.
Desnecessário realçar que a duplicação da BR-423 resultará em forte
incremento do tráfego nessas rodovias que se entrelaçam no entroncamento
de Garanhuns, com reais danos e uma breve saturação da área urbana de
Garanhuns.
ÁREA ATINGIDA PELA MANUTENÇÃO DO ATUAL TRAÇADO:
A BR-423, a manter-se o projeto, prejudicará uma parte substancial da
cidade, sendo de relevar-se que ali já se encontram atividades de
intensa movimentação viária, tais como o campus da Universidade de
Pernambuco, o campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco e sua
Clínica de Bovinos, o quartel do 71º B.I. e provável quartel do Batalhão
da Polícia já em estudos, a U.P.A.E. com inauguração para dentro em
breve, o Shopping Center em construção e vários condomínios residenciais
(privês) de alta qualidade. Ressalte-se, ainda, que nesse trecho urbano
a ser invadido pela duplicação, existem dois boqueirões profundos
submetidos à uma erosão constante, sendo que o último deslizamento
ocorrido em um deles, interditou uma faixa de tráfego que, dada a sua
dimensão, levou alguns anos para ser reparado e, mesmo assim, já
apresenta um novo afundamento da pista. Imagine-se o que vai acontecer
com o alargamento resultante de sua duplicação.
Os danos serão irreparáveis para o desenvolvimento ordenado de sua área
urbana; o prejuízo inevitável para sua mobilidade; a necessidade de
construção das “famigeradas passarelas” de pedestres, obedecendo a uma
tradicional e perversa prioridade uma vez que não permite sua utilização
por quem mais precisa: os deficientes físicos e idosos que continuarão
obrigados a atravessar a pista atropelando os veículos; a importuna
construção das inevitáveis “lombadas” que dificultarão a rapidez do
tráfego dos veículos que ultrapassarem Garanhuns em demanda às cidades
do entorno; a lentidão do trânsito que prejudicará também os veículos de
toda a região na sua ultrapassagem e o inexorável aumento dos acidentes
que resultarão em mortes e incapacidades físicas e aí ninguém esqueça
que estamos tratando de VIDAS HUMANAS.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
As cidades não são pensadas apenas para o presente e a falta de
previdência pode ser destruidora. É pacífico que precisamos planejá-las
pensando no futuro para que não mais ocorram os desastres urbanos já
provocados, bem como e, sobretudo, o alto custo das alternativas a que
estão obrigados os gestores de agora para reparar os erros dos
governantes de outrora, de que são exemplos:
a) O Arco Metropolitano composto por uma auto-estrada com cerca de 70
quilômetros para contornar o Recife, que o governo Eduardo Campos está
encarando para corrigir um erro do passado, a um custo altíssimo de
desapropriações, na medida em que atravessa uma região de grande
valorização imobiliária e sem contar o prejuízo já causado à cidade pelo
atual traçado da BR-101. Os jornais do dia 26 de março divulgaram
fartamente que essa obra custará a “bagatela” de R$1.200.000.000,00 (um
bilhão e duzentos milhões de reais), enquanto os 76 quilômetros da
duplicação da BR-423 custarão apenas R$450.000.000 (quatrocentos e
cinqüenta milhões de reais), ou seja, cerca de 1/3 do custo desse arco
rodoviário;
b) O incrível viaduto de Cinco Pontas, na cidade do Recife, uma
verdadeira aberração da engenharia de trânsito e urbanismo, que está a
exigir uma reformulação integral da área, incluindo a sua demolição;
c) O primor de má-concepção dos dois viadutos em frente ao Aeroporto do
Recife, que desembocam os seus escapes em corredores de gelos baianos,
sem falar nos inúmeros conflitos criados nos seus acessos e saídas;
d) Todos lembram que a decisão sobre a construção do túnel e do maior
viaduto do Nordeste, na transposição da Russinha pela duplicação da
BR-232, somente foi tomada durante a construção. A solução foi
encontrada no decorrer da obra e, independentemente do seu custo, na
Russinha foi possível e porque em Garanhuns a solução tem que ser a MAIS
BARATA, mesmo sendo de qualidade discutível e custando a degradação da
cidade?
e) Mesmo com essa solução da Russinha, não se tangenciou a cidade de
Gravatá que resultou invadida e devastada pela duplicação e tem hoje 7
(sete) quilômetros de auto-estrada interditados para velocidades
superiores a 40 quilômetros e vale lembrar que em dias de festas (que
são constantes) a estrada fica totalmente engessada. A cidade de Gravatá
tem tolerado esse absurdo porque a maioria da população à margem da
estrada não vive lá e não tem qualquer relação de amor a terra,
frequentando-a apenas em fins de semana.
f) Da mesma forma em que se critica a desastrada travessia de Gravatá,
ressalte-se a eficiente transposição de Vitória de Santo Antão,
tangenciando a cidade sem criar-lhe danos e implantando novos focos de
desenvolvimento para a região. Recentemente, o Jornal do Commercio em
sua seção de Economia destacou o que já denomina de “Complexo Industrial
que se formou nos municípios de Glória do Goitá, Pombos e Vitória de
Sto. Antão” com uma movimentação naquelas cidades na ordem de 4,3
milhões de reais mensais e significativa geração de empregos.
g) Em Caruaru, que tem apenas uma única interseção com a BR-104, já foi
concluído o anel de contorno da cidade. Porque em Garanhuns não se
elabora, desde logo, o projeto completo do anel rodoviário e mesmo que
sua construção não se complete agora pela (alegada) escassez de
recursos, que se faça a transposição da cidade mediante sua
ultrapassagem em direção a Paulo Afonso através de um tangenciamento
desde logo enquadrado no projeto original. O resto se faz depois, à
medida em que sua necessidade se imponha através do desenvolvimento das
estradas integradas e da própria cidade;
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE GARANHUNS:
Esqueçamos, no episódio, a nossa baixa-estima e vamos pensar grande e
esta é a grande questão. A implantação do arco rodoviário da cidade de
Garanhuns, além de todas as razões de natureza técnica já expostas,
expõe a possibilidade de um desenvolvimento ordenado, no seu entorno, de
uma nova fronteira de expansão da cidade, recomendada por sua
localização afastada da zona residencial, em que se abrigaria um pólo
industrial e de serviços, preservando-se de antemão o meio-ambiente e
estabelecendo-se as normas legais de proteção da utilização dos seus
espaços.
Seriam incluídos na elaboração deste mega-projeto: um distrito
industrial; um espaço consentâneo para eventos (todos proclamam que a
cidade não suporta mais a magnitude do Festival de Inverno e discutem a
ampliação da praça de eventos atual); um centro comercial incluindo mais
um shopping center; um centro de artesanato; um centro de convenções
articulado com um hotel, ambos de nível internacional (os jornais do
último domingo - 21.04 - dão notícia que o Centro de Convenções do
Recife já está comprometido até 2015); uma unidade de qualificação
profissional compatível com a demanda do projeto e reserva das áreas de
estacionamento necessárias para todas essas atividades.
Considere-se o baixo custo da área a ser utilizada, diferentemente dos
espaços urbanos centrais, que facilitaria sobremodo as eventuais
desapropriações que se fizessem necessárias para sua implantação e,
ademais, a multiplicidade das atividades permitiria a sua implantação de
forma gradual, favorecendo a identificação, garimpagem e busca dos
investimentos privados bastantes à sua execução.
Não se pode esquecer nessas considerações a necessidade de prever, nos
referidos polos, a construção de conjuntos residenciais para abrigar os
trabalhadores neles envolvidos, assegurando-lhes residência próxima aos
locais de trabalho, com baixo custo e dispensando transporte coletivo em
distâncias longas que resultam em estressante perda de tempo e,
ademais, com essa providência, seria evitado o grave problema da
FAVELIZAÇÃO, sempre recorrente nos projetos de desenvolvimento, mal ou
sem planejamento adequado.
Com a necessária antecipação, em tarefa conjunta do Estado e do
Município, seria elaborado um macro-projeto para essa nova fronteira que
estabeleceria no seu planejamento todos os requisitos, demandas
edistribuição espacial sem essa estúpida invasão da área urbana da
cidade, com reais danos à qualidade de vida da população que todos temos
a obrigação de preservar, para sua execução no prazo adequado às suas
necessidades e possibilidade de captação de recursos.
CONCLUSÃO
Não sou autoridade nessa matéria, mas assumo a ousadia e a vaidade de
intrometer-me na questão em face do nosso pioneirismo (eu e outros
companheiros do Partido) no trato dessa questão, ainda em janeiro de
2012 em uma das famosas reuniões promovida pelo nosso PSB de Garanhuns,
quando se discutiu amplamente a questão do projeto de duplicação da
estrada São Caetano-Garanhuns.
Considero lamentável que as nossas autoridades constituídas e
legitimadas pelas eleições de 2012 aceitem, passivamente, a desastrada
iniciativa, conforme se comprovou na audiência pública dirigida pela
Secretaria de Transportes. Elas foram omissas e lenientes diante da
anunciada maldade que se pretende fazer com nossa terra.
Abraço a todos,
a) IVAN RODRIGUES
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