Para uns, um grande orgulho, um reconhecimento que faltava, uma justa homenagem. Para outros, uma vergonha, uma verdadeira falta do que fazer por parte dos vereadores arcoverdenses, e até mesmo uma afronta à família. O fato é que a empresária da noite Nivalda Rafael de Siqueira, 64 anos, popularmente conhecida como Nena Cajuína, ganhou destaque na mídia regional e nacional, sendo matéria em sites como o G1, da Rede Globo de Televisão, e capa do Jornal do Commércio, da edição de quinta-feira 9. Tudo isso porque o legislativo local aprovou por unanimidade, a entrega da Medalha Cardeal Arcoverde, uma das maiores comendas do município a “tia Nena”. Com a honraria concedida, pelo menos por enquanto, Arcoverde deixou de ser lembrada como a Terra do Cardeal, ou a Terra do Samba de Coco, e ficou conhecida como a terra que homenageia as prostitutas.
O projeto é de autoria da vereadora Célia Cardoso (PR), que não esconde a admiração e o respeito pela amiga. “É uma mãe de família que veio de Custódia e começou a trabalhar cedo, lavando pratos nas casas noturnas para sobreviver. Ela trabalhou a vida toda para dar uma vida digna aos seus filhos”, relata a parlamentar. E acrescenta: “Se Jesus perdoou Madalena, quem somos nós par julgar”.

A dama da noite mais famosa na atualidade teve três filhos, sendo que apenas um deles, um pastor evangélico continua vivo. Em entrevista a um repórter do Jornal do Commercio, a “homenageada” disse que deu os filhos por não saber quem era o pai. A mais nova dona da Medalha Cardeal Arcoverde revelou que também fez abortos.
“Já tive mais filhos, mas como não sabia quem era o pai acabava dando para adoção. Dei três filhos. Às vezes, a gente também tinha que abortar porque naquela época ninguém usava camisinha”, conta Nena, que revelou a insatisfação com a vida de prostituta. “Se pudesse, seguiria outro caminho. Eu dou sempre esse conselho às mulheres: quando achar um homem que quiser tirar daqui é para ir embora. Esse trabalho não compensa. É melhor a mulher ficar em casa com um homem comento um ovo do que estar nessa vida”.

Nena “caiu na vida” aos 13 anos de idade. Ela conta que a sua mãe, uma lavandeira, que entre as clientes tinha umas meninas que trabalhavam num bar de prostituição chamado Dina Drink’s, sabia de tudo, mas não reclamava. “Fui conhecendo o pessoal e aí achei melhor ficar lá do que carregar roupas. Eu fiquei nesse bar até uns 35 anos. Morava na casa de minha mãe, mas toda a noite ia pra lá”. Ela conta que antes de entrar na prostituição, chegou a trabalhar como doméstica em Arcoverde, onde nasceu, mas o salário não compensava. “No bar ganhava dinheiro. Quando a pessoa é nova e bonita é bem procurada. Os clientes eram mais os homens da cidade mesmo.
Com tanta polêmica envolvendo o caso, a prostituta demonstra ter mais discernimento do que muita gente e garante que não vai comparecer a cerimônia de entrega da medalha, que ainda não foi marcada. “Não vou. Estou cheia da putaria desse povo. Nunca neguei a ninguém o que eu sou. E quem quiser esse diploma pode ir receber, eu já tenho o meu desde os 13 anos”, desabafa a prostituta.
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