(Mens. Honrosa Conc. de Poesia Revista Brasília )
Nealdo Zaidan
Meu camarada Jesus.
Há muito tempo não lhe escrevo,
Mas... hoje me atrevo
e esta carta a minha angústia traduz.
Meu camarada,
gostaria de saber
se Você vai voltar...
Ou será que já chegou?
Às vezes, camarada Jesus,
penso até que Você já voltou:
- neste sol com tanta luz,
um operário que some,
uma criança com fome.
Não será que é Você?
Sabe, camarada,
Você pode estar aqui sem a gente saber...
É o que penso, meu amigo.
Talvez, até travestido em um mendigo
expondo chagas nuas
a esmolar pelas ruas.
Ou talvez não tenha vindo ainda,
Mas vai voltar
E nova paz semear.
Condenando os maus e premiando os bons,
Sem distinguir entre o rico e a meretriz,
para quem de dia se tampa o nariz
E de noite se compra o “amor”?
É meu camarada e Senhor:
sei que esta carta está longa,
e que você está por perto...
Mas de uma coisa fique certo
meu camarada Jesus:
não entendem os mais espertos
mesmo os doutores letrados,
que morra um Deus de braços abertos
e fiquem todos de braços cruzados.
Assim. Meu camarada Jesus,
antes de terminar,
volto a perguntar:
Será que Você já voltou?
Ou ainda vai voltar?
Será que voltou nas formas tais
De que antes Lhe falei?
Camarada Jesus, na verdade não sei...
Vou parar por aqui.
Além do meu, envio para Você alguns abraços.
Ah! Já ia me esquecendo:
eu não entendo
por que continuam sem deixar Você cruzar os braços?
Nealdo Zaidan é garanhuense, poeta, escritor e atualemnte mora em Anchieta.
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