Não obstante
o fraco desempenho da seleção brasileira de futebol no Campeonato
Sul-Americano de 1953, realizado na capital do Peru, Lima, em que fica
em segundo lugar, perdendo para o time do Paraguai, e o ainda não superado trauma da derrota para os uruguaios em 1950, a
participação do Brasil na Copa do Mundo de 1954 era esperada com certa
ansiedade pelos torcedores brasileiros, acreditando que a renovação
implementada pelo novo técnico, Zezé Moreira, em nosso escrete, era o
caminho mais curto para a obtenção do almejado
título de campeão mundial de futebol, o maior sonho de toda a
população. Para ser justo, craques é que não faltavam: Na defesa, Djalma
Santos, Pinheiro e Nilton Santos eram jogadores de alta categoria,
talvez melhores do que seus similares na malfadada Copa de 50; o time
ainda tinha o espetacular Bauer, o príncipe do meio-de-campo, Didi, em
grande forma e também Rodrigues. Pode-se dizer que era uma seleção de
respeito.
Mais otimistas ainda ficam os patrícios, quando, nos meses de fevereiro e março, iniciando a campanha para a guerra futebolística, o Brasil, nas eliminatórias, se classifica invicto, não sem certa dificuldade, é verdade, derrotando as seleções do Chile (2 x 0, em Santiago, ambos os gols de Baltazar, e 1 x 0, no Maracanã, também gol de Baltazar) e do mesmo Paraguai (1 x 0, em Assunção, gol de Baltazar, e 4 x 1, no Maracanã, gols do selecionado brasileiro de Julinho - 2 -. Baltazar e Maurinho). A vitória sobre o Paraguai em Assunção foi tão dramática, o goleiro Veludo se constituindo na melhor figura do selecionado brasileiro, que, quando do jogo de volta no Brasil, uma compacta multidão (176.000 torcedores), a maior desde o fatídico dia 16 de julho de 1950, lotou o Maracanã para incentivar o escrete nacional, saboreando a goleada de quatro a um sobre os paraguaios e tendo, a partir daí, a convicção de que a conquista do título mundial não era um sonho tão distante assim.
A imprensa como um todo exigia vitória a qualquer custo para compensar o fracasso de 50. Exigia-se que a seleção brasileira fosse para a copa como soldados para a guerra. Como símbolo dessa exigência, todos os jogadores tiveram de decorar o Hino Nacional, a Bandeira Nacional seria desfraldada em todos os jogos e os discursos eivados de patriotismo eram inflamados.
Em 1.º de abril desse ano, os vinte e cinco jogadores definitivamente convocados
se apresentam para dar início à etapa de treinamentos. Novos talentos,
aliados a alguns sobrevivente do fracasso da copa anterior (como Bauer,
Baltazar e Eli) são saudados pela imprensa especializada como capazes
de, dessa vez, trazer para o país do futebol a mais do que cobiçada taça
Jules Rimet. O Vasco da Gama (Alfredo, Eli, Paulinho e o
recém-contratado e artilheiro da Portuguesa de Desportos,
Pinga) e o Fluminense (Didi, Castilho, Veludo e Pinheiro)), ambos com
quatro atletas convocados, são os times que mais jogadores cedem para a
seleção, seguidos pelo Flamengo (Dequinha, Índio e Rubens), São Paulo (Bauer, Marinho e Mauro), Botafogo (Osvaldo Baliza, Nilton Santos e Gerson dos Santos), Portuguesa de Desportos (Brandãozinho,
Djalma Santos e Julinho), Corínthians (Baltazar e Cabeção), Palmeiras
(Humberto e Rodrigues), e Internacional de Porto Alegre, que cede um
único player, o beque Salvador.
Pela
segunda vez (a primeira foi em 1938), a cidade mineira de Caxambu é
escolhida como local de preparação; Zezé Moreira, famoso pela disciplina
que requeria de seus comandados (exigia, por exemplo, ser chamado de "seu"
Zezé), impõe rígido calendário de treinamento, controlando horários e
impedindo as fuzarcas e o entra-e-sai dentro do local de concentração,
coisa comum nesse tempo de disputa de um título mundial. E dentro da
fase de treinamento, a seleção enfrenta por duas vezes a fraca seleção
da Colômbia, ganhando a primeira, no Pacaembu, por 4 x 0, e a segunda,
no Maracanã, pelo placar de 2 x 0, após as quais a seleção se dirige
para a cidade serrana de Friburgo, onde os treinamentos seriam
complementados.
Aos
25 de maio de 1954, após as dispensas dos jogadores Osvaldo Baliza,
Salvador e Gerson dos Santos, a seleção embarca para a Suiça, onde
inicia a fase decisiva de treinamentos, jogando, ocasionalmente, com
times locais amadores. Era o retorno da Copa do Mundo a um país europeu,
após 16 anos, intervalo em que o certame
fora realizado somente em 1950 devido aos ecos da segunda guerra
mundial. Após o sorteio, o Brasil ficara no Grupo 1, ao lado das
seleções do México, França e Iugoslávia e, como não era um grupo muito
forte (México e Iugoslávia haviam sido derrotadas pelo Brasil em 1950), a
classificação era tida como certa. A seleção base seria composta por
Veludo, Paulinho e Brandãozinho. Alfredo, Mauro e Bauer. No ataque,
Julinho Baltazar, Humberto, Maurinho e Pinga.
Fase inicial: Hungria 4 X Turquia 1.
década de 50.
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