segunda-feira, 18 de agosto de 2014

SOB OUTRA ÓTICA por Fábio Melo


Nem na vida, nem na morte se vê indício de sacrifício ou abnegação por uma grande causa humanitária. Quem se lembra da foto, divulgada pela imprensa, o ex-governador tomando champagne em seu jatinho, enquanto a população de Pernambuco sofria com a greve dos policiais do seu “pacto pela vida”, não pode concordar com o seu ingresso no Panteão dos deuses. A rigor esse exercício de santificação é mais da responsabilidade dos que estão vivos (bem vivos) do que do morto.
Em primeiro lugar, da família, que não quer perder o controle da sucessão do cabeça de chapa. Daí a carta-aberta do irmão literato. Segundo da ex-senadora Marina Silva de olho em sua indicação oficial, na próxima quarta-feira, como sucessora de Campos. Do Próprio PSB em encontrar um nome a altura de substituir o nome do ex-governador na chapa majoritária. E da coligação política local em garantir a eleição do preposto para o governo estadual.
No fundo, a morte é um bom negócio. De um cenário pouco estimulante, pode se fazer uma mudança eleitoral que beneficie a candidata e a coligação estadual do PSB. Como diziam os filósofos, a morte é sempre um problema para os vivos. Eles é quem tem de ressignificar a tragédia para dar um novo sentido às suas vidas e ambições. E assim, quando o cortejo fúnebre passar pelas ruas do Recife, com o esquife dos mortos, na triste caminhada onde estarão o coração, a mente, os sentimentos de muitos daqueles, que na frente das câmaras, se desesperam e choram como as antigas carpideiras contratadas para se lamentar nos velórios das cidades do interior do País.
doblogdojamildo
postado por: Fabio Melo

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