Visceral mostrou o trabalho da pifanista que influencia gerações e vive em uma “loca” no interior da Paraíba.
Desde os sete anos de idade, Zabé é tocadora de
pífano, uma flauta rudimentar e tradicional do Nordeste brasileiro. A
artista passou a infância e juventude trabalhando no campo e fazendo
música na cidade de Buíque, agreste de Pernambuco.
Ao se casar, mudou-se para o interior da Paraíba, teve três filhos e,
em 1966, ficou viúva e viu sua casa literalmente ruir. A única
alternativa foi morar com a família em uma gruta (uma “loca”, na
linguagem da região), cuja entrada tapou com paredes de taipa e onde
passou o seguinte quarto de século. Surgiam dali o apelido e as
condições que talhariam sua música.
Do pife, Zabé da Loca extrai o som do seu universo paralelo.
Descoberta pela mídia em 1995, a artista saiu da caverna. Assentada da
Reforma Agrária, sua música – sem tempo, sem espaço – faz sentido tanto
para os tradicionalistas quanto para os jovens. A pifanista serviu de
inspiração em discos de artistas como o percussionista argentino Ramiro
Mussoto e o grupo paraibano Cabruêra.
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