A casa de Genivaldo Lopes,
que teria pago as despesas do avião
Do Blog do Jamildo:
Conforme
o Blog de Jamildo noticiou em primeira mão em Pernambuco, o
jornal O Globo desta
terça-feira (2) traz mais detalhes sobre a pequena empresa de São Lourenço da
Mata que teria pago os serviços de manutenção do avião de campanha usado pelo
ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e que caiu vitimando ele e outras
seis pessoas em Santos, no litoral de São Paulo.
O
dono da empresa, Genivaldo Galvão Lopes, contratou o advogado Ademar
Rigueira para representá-lo. Além de acompanhar as investigações a pedido da
ex-primeira-dama Renata Campos, viúva de Campos, Rigueira também trabalhou para
o PSB no processo contra o deputado federal José Augusto Maia (PROS), nas
denúncias de compra de apoio político.
Abaixo a reportagem publicada no Jornal O Globo:
SÃO LOURENÇO DA MATA (PE), SÃO PAULO E RIO — A empresa que
pagou as despesas operacionais do avião usado pelos candidatos do PSB à
Presidência, Eduardo Campos e Marina Silva, nos primeiros meses de campanha
eleitoral, funciona em uma casa simples na periferia de São Lourenço da Mata,
na Região Metropolitana de Recife. Registrada oficialmente como firma de
vigilância, a Lopes & Galvão Ltda. aparece como pagadora de serviços de
parqueamento e atendimento para a aeronave PR-AFA, prestados pela Líder Táxi
Aéreo.
O
GLOBO localizou Genivaldo Galvão Lopes e Luciene Lindalva Lopes, donos da
empresa, na casa onde vivem há pelo menos uma década e que funciona como sede
da empresa, no bairro Tiúma, antiga vila operária da cidade. Primeiro, os dois
negaram ter pagado despesas da aeronave, dando a entender que a firma deles
poderia ter sido usada indevidamente.
Nesta
segunda-feira, por meio de um advogado, Genivaldo mudou a versão e informou que
“pode ter realizado pagamentos a pedido de outras pessoas”. No entanto, preferiu
não identificá-las, sob a alegação de que o fará apenas quando for “intimado
por autoridades competentes para prestar esclarecimentos”.
—
A gente não tem nada a ver com isso, somos pessoas decentes — disse Luciene,
ainda na tarde de domingo.
—
Eu não gosto nem de avião — completou o marido, na ocasião.
EMPRESA NÃO É
CADASTRADA
Embora
registrada oficialmente como empresa de atividades de vigilância e segurança
privada, a Lopes & Galvão não é cadastrada na Delegacia de Controle da
Segurança Privada, da Polícia Federal, como determina a legislação. O casal
afirmou que a empresa atua na terceirização de funcionários de serviços gerais,
como copeira, diarista e faxineira, para firmas de Recife. E negou qualquer
relação política com políticos ou partidos.
—
É uma empresa pequena. Resume-se a uma pessoa só, que sou eu — disse Genivaldo.
Uma
de suas filhas, Sylney Lopes, de 29 anos, disse não fazer sentido a empresa do
pai bancar despesas operacionais de uma aeronave avaliada em US$ 8,5 milhões
(R$ 19 milhões).
—
Você acha que, se tivéssemos esse dinheiro todo, eu moraria aqui em Tiúma?
Longe de tudo, nessa rua… — afirmou, mencionando o bairro onde mora com a
família, na periferia de São Lourenço da Mata.
O
GLOBO teve acesso ao registro do contrato da Lopes & Galvão com a Líder
Táxi Aéreo, para a prestação de serviços no Aeroporto de Congonhas, em São
Paulo. Antes de a empresa assumir o contrato, os serviços eram pagos pela AF
Andrade, antiga proprietária da aeronave, com sede em Ribeirão Preto (SP). O
gasto mensal com parqueamento e atendimento de um avião como o usado pelos
candidatos do PSB gira em torno de R$ 30 mil mensais. Dependendo dos serviços
contratados, a despesa no mês pode alcançar R$ 40 mil, segundo empresas do
setor.
O
avião foi comprado em maio de 2014 pelo empresário João Carlos Lyra, em
sociedade com Apolo Santana Vieira e Eduardo Freire Bezerra Leite, também
empresários, para ser usado na campanha de Campos e Marina. O próprio candidato
testou a aeronave antes de a compra ser oficializada. Parte dos pagamentos para
a AF Andrade foi feita por empresas fantasmas e sem lastro financeiro para
quitar o negócio, como mostrou o “Jornal Nacional” na última semana.
O
uso do mecanismo levou a PF a suspeitar que os empresários podem ter sido
usados como laranjas para a compra do Cessna por alguém ligado diretamente ao
PSB, a Eduardo Campos ou próximo a ele. O pagamento de despesas operacionais da
aeronave por meio de uma empresa pequena e de outro ramo de atuação só reforça
a tese da PF.
Oficialmente,
a polícia afirma não ter recebido, ainda, pedido formal de investigação do
caso, por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele já
determinou a abertura de procedimento para apurar possíveis irregularidades na
utilização do jato.
Na
primeira declaração de gastos da campanha, o PSB não declarou o uso da
aeronave. Depois do acidente, o partido alegou que até o fim da campanha
pretendia contabilizar as horas de voo e emitir recibo eleitoral de doação
recebida dos empresários João Carlos Lyra e Apolo Santana. Os dois teriam doado
ao partido na condição de pessoa física.
Nesta
segunda-feira, O GLOBO perguntou ao PSB quem pagou pelas despesas operacionais
do avião, se o partido ou os empresários que supostamente o doaram à campanha.
Por meio da assessoria, o partido informou que não vai se posicionar sobre o
assunto e que todos os esclarecimentos estavam em nota oficial divulgada na
última semana. O texto não responde à pergunta.
O
advogado indicado por Genivaldo Galvão Lopes para apresentar sua versão para o
caso é o criminalista Ademar Rigueira, o mesmo contratado pela viúva de Eduardo
Campos, Renata Campos, para acompanhar, em nome da família, as investigações
sobre o acidente que matou o ex-governador de Pernambuco e outros seis
assessores em 13 de agosto, em Santos (SP).
ATÉ ADVOGADO ESTRANHA
Perguntado
sobre a coincidência, Rigueira afirmou não ser advogado constituído de
Genivaldo, e apenas ter sido procurado por ele para obter uma orientação.
—
Ele pode ter lido meu nome em jornais, sou um profissional conhecido em Recife
— disse o defensor.
Rigueira
disse considerar estranho que despesas da aeronave tenham sido pagas por uma
empresa do porte da Lopes & Galvão.
—
Eles vão ter que explicar. Eu não sei (por que a empresa pagou). Você tem razão
em estar questionando isso — afirmou o advogado.
A
Força Aérea Brasileira está investigando as causas do acidente. A Polícia Civil
de SP e a Polícia Federal também abriram inquérito sobre o desastre. As duas
polícias têm como outra tarefa identificar devidamente os verdadeiros donos do
jato. A informação é importante para nortear ações e pedidos de indenização de
moradores de Santos que tiveram algum tipo de prejuízo com o acidente. Pelo
menos 50 pedidos de indenização já foram apresentados à polícia.
do blog de Roberto Almeida
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