Assim
como o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, o
segundo encontro entre a presidente e postulante à reeleição, Dilma Rousseff, e
Aécio Neves (PSDB), foi marcado pela troca de acusações, denúncias de lado a
lado e um festival de “a senhora está mentindo” e “o senhor está desinformado”.
Mais uma vez o conteúdo programático do debate deu lugar ao embate franco entre
o tucano e a petista. O caso da Petrobras e o nepotismo, temas recorrentes do
confronto anterior, uniram-se ao episódio em que o tucano foi parado durante
uma blitz da Lei Seca.
Logo
na primeira pergunta, Aécio Neves trouxe para o confronto a questão da
corrupção. Ao falar da Petrobras, citou a informação de que o Tribunal de
Contas da União está ameaçando suspender o repasse de 3,8 bilhões ao Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
A presidente afirmou que “em relação a tudo o que está acontecendo na Petrobras quem investigou, a Polícia Federal, foi levada a investigar, e que ao contrário do passado, não era dirigida por afiliados ao PSDB”. E elencou uma série de escândalos da época do Governo Fernando Henrique.
“Onde
estão os corruptos, onde os corruptos da compra de votos para a reeleição?
Todos soltos. Onde estão os corruptos do metrô de São Paulo, e dos trens? Todos
soltos. Onde estão os corruptos da “pasta rosa”? Todos soltos. Onde estão os
corruptos do processo Sivan? Todos soltos. Onde estão os corruptos da
“privataria tucana”? Aquela do limite da irresponsabilidade. Todos soltos.
Quero dizer para o senhor, eu tenho um compromisso diferente. O meu compromisso
é investigar e punir”, disparou a petista.
E a troca de farpas continuou nas perguntas seguintes. Ao ser questionado por Dilma por que o PSDB foi contra a criação do Prouni, Aécio voltou ao tema anterior e acusou a presidente de “prevaricar”. “Se a senhora acha que houve tantos crimes cometidos no governo do PSDB, a senhora lista aqui vários deles, vocês governaram o Brasil por doze anos, candidata, por que a senhora não investigou, por que a senhora não fez novas denúncias? Porque não existia o que investigar. Ou então a senhora prevaricou”, disparou o tucano.
Em
mais uma troca de farpas livre, a presidente Dilma indagou Aécio sobre
nepotismo, numa referência à irmã do tucano, que atuou no governo mineiro.
Também citou um tio, três primos e três primas empregados por Aécio em Minas,
dizendo que todos esses casos não foram explicados pelo candidato do PSDB.
“Candidato, eu nunca nomeei parentes para o meu governo, eu gostaria de saber
se o senhor nunca fez a mesma coisa.”
O
tucano rebateu na mesma moeda. “Ela (Andréa) assumiu o serviço de voluntariado
do Estado de Minas Gerais, me ajudou a coordenar a área de comunicação sem
remuneração, candidata. Agora, candidata, a senhora conhece Igor Rousseff, seu
irmão foi nomeado pelo prefeito Fernando Pimentel no dia 20 de setembro de
2003, e nunca apareceu para trabalhar, candidata. Essa é a grande verdade,
lamento ter que trazer esse tema aqui, a diferença entre nós é que a minha irmã
trabalha muito e não recebe nada, o seu irmão recebe e não trabalha nada”,
contra atacou o tucano.
SEGUNDO
BLOCO:
Apesar
das acusações, as propostas começam a aparecer na segunda parte do programa. Os
candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) discutiram temas como
segurança e infraestrutura. No entanto, o clima entre os dois postulantes
continuam tenso, principalmente com acusações sobre corrupção. Assim como no
debate anterior, os postulantes tentaram contestar os dados uns dos outros.
“Infelizmente,
candidata, o orçamento, sequer o orçamento que já não é grande coisa do
Ministério da Justiça, do Fundo Nacional de Segurança, e do Fundo
Penitenciário, não foram executados nem na sua metade. Do Fundo Penitenciário,
um pouco mais de 20% agora. Do Fundo Nacional de Segurança, cerca de 40%. Aonde
é que estão as políticas de controle das nossas fronteiras, candidata?”,
questionou Aécio, em relação as medidas tomadas pelo governo de Dilma.
Dilma
também questionou os números que Aécio tinha colocado sobre a segurança nas
fronteiras. O tucano disse que 87% do que se gasta em Segurança Pública vem dos
Estados e municípios e ainda que “apenas 13% da União, e a União é quem mais
tem”.
“Candidato,
eu acho que o senhor está usando números incorretos. O que acontece, candidato?
A Constituição atribuiu aos estados o controle e a segurança interna do país.
Eu quero mudar isso, eu acho que a União tem de participar. E nós mostramos
durante a Copa que quando a União participa, articuladamente com os estados, e
quero dizer os doze estados no qual nós tínhamos centros de comando e controle,
nós conseguimos conter todas as formas de violência”, relatou a petista.
TERCEIRO
BLOCO:
Na
última parte do programa o tema mais polêmico foi sobre a Lei Seca. A
presidente questionou sobre o uso do bafômetro pelos motoristas ao candidato
Aécio Neves. A pergunta, na verdade, era uma indireta para o tucano que já
tinha sido flagrado pela Lei Seca.
“Eu
tive um episódio sim, e reconheci, candidata, eu tenho uma capacidade que a
senhora não tem. Eu tive um episódio que parei numa Lei Seca porque minha
carteira estava vencida e ali naquele momento inadvertidamente não fiz o exame
e me desculpei disso. Como a senhora não se arrepende de nada no seu governo. É
importante que nós olhemos para frente”, repudiou o tucano.
Em
resposta, Dilma relatou que a Lei Seca é importante para o País e que nunca dirigiu “sob álcool e droga”.
No final, a presidente e
candidata à reeleição passou mal. Durante entrevista ao vivo à repórter do SBT,
Dilma interrompeu a fala e sentou-se, afirmando estar passando mal. Em seguida,
Dilma levantou-se, disse ter tido uma queda de pressão e agradeceu.
“Tive
uma queda de pressão, o debate sempre exige muito da gente, foi isso, agora
consigo concluir minha entrevista com você. Peço desculpas ao telespectador,
mas é assim que nós somos”, afirmou. A entrevista não pôde ser concluída, de
acordo com a repórter, por respeito à lei eleitoral. “Se assim você quer, assim
será”, disse a presidente.
Da redação Sináculo
Fonte: Folha de Pernambuco
Texto: Márcio Didier / Blog da Folha
Fotos: Marcos Fernandes / Coligação Muda
Brasil
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