Com a divulgaçao de uma Audiência Pública para questão Cais José Estelita, a população começa a questionar a atuação da Prefeitura e acreditar que a mesma não está assumindo o seu papel assumido publicamente de mediar o diálago. O Sr. José Gomes, pessoa da mais alta estima e consideração, candidato a governador do Estado de Pernambuco pelo Psol, escreveu em redes sociais:
"Sem cumprir o que assumiu publicamente, sem apresentar o que vai ser debatido, a Prefeitura do Recife informa a realização de audiência pública de forma unilateral e sem dialogar com quem vem se mobilizando e debatendo os danos do projeto.
Foi divulgado ontem, 17:57, no site da PCR, é
esse o dialogo que o Prefeito diz mediar? Com certeza os parceiros do PSB,
construtoras e empreiteiras, estão sempre bem informados.
O costume de fazer as coisas no apagar das
luzes, de forma acelerada e no fim do calendário, foi copiado da gestão de João
da Costa do PT, que aprovou no último dia útil do ano, e sem respeitar a
legislação, o projeto "Novo Recife", fez escola."
RELEMBRANDO E COMPREENDENDO O CASO "OCUPA ESTELITA"
A
área onde fica o Cais José Estelita possui 101,7 mil metros quadrados. Está
localizada entre os bairros de Boa Viagem e Recife antigo.
Por
ser um cartão postal da cidade, com uma bela paisagem de frente à bacia do
Pina, a região passou a ser cobiçada por várias construtoras da região.
O
leilão do terreno, que pertencia à antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA),
ocorreu há seis anos, com uma única proposta de compra, que foi a do Consórcio
Novo Recife, formado pelas construtoras Moura Dubeux, Queiroz Galvão, Ara
Empreendimentos e GL Empreendimentos, pelo valor mínimo estipulado de 55
milhões de reais. Pagaram aproximadamente 540 reais por metro quadrado.
O
projeto imobiliário do consórcio, que foi criado em 2012, pretende construir 12
prédios que poderão ter até o tamanho máximo de 40 andares. Serão sete torres
residenciais para apartamentos de luxo, duas comerciais, dois flats e um hotel.
Também há projetos para construir estacionamentos para até 5000 veículos. O
custo do metro quadrado da área construída será de aproximadamente 4000 reais.
Em
contrapartida, o consórcio também deverá gastar 62 milhões de reais em “ações
de mitigação”, para compensar o impacto negativo da obra. Deverão ser
construídas quadras poliesportivas, uma biblioteca pública, ciclovias e um
parque municipal, dentre outras obras.
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Hoje
há cinco ações na justiça questionando o projeto: uma do Ministério Público
Federal (MPF), uma do Ministério Público estadual de Pernambuco (MPPE) e três
ações populares.
De
acordo com o MPF, o leilão da área nunca poderia ter sido feito, pois a União
não poderia ter vendido o terreno sem antes consultar outros órgãos públicos
que poderiam ter interesse na área, como o IPHAN (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional), que havia manifestado esse interesse.
A
ação do Ministério Público Estadual, feita pela promotora Belize Câmara, foi
criada sob o argumento de que o projeto não tinha atendido a requisitos básicos
como a divisão do terreno em lotes, antes da aprovação do projeto. Com base
nisso, a licença da obra foi suspensa, mas a promotora foi afastada do cargo
poucos dias depois, sob a alegação de estar acumulando funções, pois era também
promotora da infância em outra cidade.
As
três ações populares pedem a anulação do ato administrativo do conselho de
desenvolvimento urbano (CDU), que aprovou o projeto no fim de dezembro de 2012,
nos últimos dias do mandato do ex-prefeito João da Costa (PT), numa sessão a
portas fechadas.
Esses
prédios enormes, construídos em frente ao Rio, numa área de patrimônio
histórico, que é um cartão postal de Recife, irão bloquear uma bela paisagem da
cidade. Isso somado a uma série de outros problemas no projeto revoltou muitos
moradores de Recife, que se uniram em torno do grupo Direitos Urbanos, que já
realizou muitas manifestações, participou de audiências públicas, fez denúncias
ao Ministério Público, dentre várias outras ações contra o projeto Novo Recife.
Por que os manifestantes
ocupavam a área?
No
dia 21 de maio, o consórcio Novo Recife conseguiu autorização da prefeitura
para demolir os armazéns de açúcar abandonados do cais. No mesmo dia à noite
iniciaram a demolição.
Os
integrantes do grupo “Direitos Urbanos” correram até o Cais e fizeram uma
grande manifestação para impedir a demolição dos armazéns.
No
dia seguinte, 22, a demolição foi embargada por uma liminar do IPHAN, que
alegou que o consórcio descumpriu um Termo de ajuste de conduta entre o
consórcio e o IPHAN, que visava garantir a proteção dos registros relacionados
à produção de conhecimento sobre a área.
O
que seria apenas uma manifestação contra a demolição dos armazéns, acabou se
tornando uma ocupação, que ficou conhecida como “Ocupe Estelita”, com muitos
manifestantes ocupando diariamente o local, para impedir que uma nova demolição
fosse iniciada.
A
ocupação recebeu apoio de vários políticos e artistas do país. Vários deles
como Jean Wyllys, Camila Pitanga e Ney Matogrosso manifestaram apoio através
das redes sociais. Os cantores Otto e Karina Buhr fizeram shows gratuitos,
reunindo milhares de pessoas no cais.
No
dia 3 de junho, a prefeitura resolveu suspender a licença que autorizava a
demolição dos galpões do cais. Dois dias depois, a construtora Moura Dubeux,
declarou que o consórcio Novo recife seria favorável à criação de um novo
projeto para a área.
No
dia 16 de junho, houve uma reunião entre o consórcio Novo Recife, a prefeitura,
o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU), o Conselho Regional
de engenharia e agronomia (CREA), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e a
Universidade Federal de Pernambuco. Nessa reunião foi estabelecido um prazo de
30 dias para que fossem modificadas as diretrizes urbanísticas do projeto Novo
Recife.
Segundo
os manifestantes que ocupavam o Cais, o acordo também previa que se fosse
ocorrer uma ação de reintegração de posse da área, ela deveria ser comunicada
com 48 horas de antecedência e deveria contar com a presença do Ministério
Público.
Eduardo
Campos, ex-governador de Pernambuco, que estava afastado para se dedicar à
campanha presidencial, publicou nesse dia em seu perfil no twitter: “Não se governa uma nação sem ouvir as
pessoas. A boa política é feita sempre com muito diálogo, e transparência em
todos os sentidos”.
Porém
no dia seguinte, sob as ordens do vice-governador João Lira, o batalhão de
choque foi enviado para expulsar à força os manifestantes que ocupavam o local,
sem avisar ao Ministério Público e sem permitir a entrada dos advogados para
negociar a desocupação da área.
Fizeram
a desocupação justamente no dia em que haveria uma partida da seleção
brasileira na Copa do Mundo, quando a imprensa estaria distraída falando sobre
o jogo.
A
secretária de meio ambiente e sustentabilidade do Recife, Cida Pedrosa,
indignada, publicou uma nota em seu perfil do facebook, condenando a ação da
PM.
“[...]
Isso é um absurdo que rompe um processo de negociação que estava sendo
construído com a participação de várias entidades e sob a coordenação da
Prefeitura do Recife. Escrevo esse texto muito triste e com muita raiva, pois
ontem estava sentada numa mesa de negociação que foi totalmente desrespeitada”,
disse a secretária.
Até mesmo Marina Silva, candidata à vice-presidência, ao lado de
Eduardo Campos, criticou a ação e publicou no facebook: “O pedido de reintegração de posse expedido pela Justiça e executado
nesta terça-feira poderia ter seguido o mesmo princípio do diálogo, em vez de
terminar com uma desocupação arbitrária”.
Na
quinta-feira, 19 de junho, os trabalhadores do consórcio Novo Recife estavam construindo
muros e cercas de arame farpado para impedir a entrada dos manifestantes no
local, que se mantinham acampados num viaduto próximo ao cais, na esperança de
impedir um projeto que na visão deles será muito prejudicial à cidade
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