A história da Karinny é a de
tantas outras. Após 12 anos de casamento e com dois filhos, em 2007 tomou
coragem para pedir a separação devido à violência e humilhação às quais era
submetida. Assim como na maioria dos casos, obteve a guarda dos filhos e
deveria receber uma pensão do pai para as despesas com os menores.
Claro que, como todo predador
que se preze, ele não se deu por vencido e frequentemente "insistia"
(vocês sabem um que insistir significa nesses casos!) em um retorno. Como a
maioria das vítimas Karinny cedeu algumas vezes e em todas a violência vinha
novamente à tona. Como derradeira forma de ameaça, o ex passou a não pagar mais
a pensão. O que a levou finalmente a recorrer à "Justiça" em 2011.
O que ela não sabia é que o
homem que por tantos anos abusou dela intimamente passaria a fazer da vida dela
um inferno no judiciário. Ao todo correm oito processos (número dos processos
abaixo), sendo que em janeiro de 2012 além de perder a guarda dos dois filhos
foi condenada a pagar uma pensão alimentícia no valor de 80% do salário mínimo
(Karinny é bolsista da Capes e recebe R$ 1,5 mil). Não tendo sido sequer citada
da ação de execução teve sua ordem de prisão civil decretada pelo não pagamento
de uma dívida acumulada no valor atual de R$ 12,7 mil.
A decretação de prisão acabou
gerando grande repercussão e comoção pública e, finalmente o caso ganhou
visibilidade nas redes sócias e na imprensa (local, estadual, nacional e
internacional), conseguindo o apoio dos Movimentos Sociais Feministas que
fizeram uma Campanha de Arrecadação em prol da Karinny.
Nada disso impediu que a
alienação parental continuasse, pois Karinny não tem notícias dos filhos deste
de outubro de 2013 e considerando que passou mais de um ano sem vê-los (de 2012
a 2013) são quase 4 anos da mais dura e baixa forma de violência contra uma
mãe!
Até pessoas próximas dela
a julgaram por ter "escolhido" essa situação ao abandonar um marido
que lhe proporcionava uma vida "boa" com direito a carro, casa,
cartão de crédito. Quem se importa se o preço que ela pagava era o da sua
própria dignidade, não é mesmo?
O caso de Karinny é uma
sequência de nulidades e de absurdos jurídicos. Você pode estar aí se
perguntando o porquê então!? O que há de errado nesses processos? Qual a
pegadinha?
Bem, o ex-marido da Karinny é
Promotor de Justiça do Estado de Pernambuco (cujo salário inicial de carreira é
de R$ 19.383,87!).
O caso da Karinny dói em mim
como mulher, como vítima de violência doméstica e como operadora do Direito!
Dói saber que por mais leis que tenhamos ainda vivemos em uma realidade na qual
as autoridades que deveriam servir usam sua função para serem servidos e para
seus próprios objetivos escusos.
Mas o que eu gostaria de dizer à
Karinny é o tamanho da admiração que tenho por mulheres como ela! E que embora
ela esteja pagando o preço mais alto, que a luta dela servirá a muitas e que,
no que depender de mim, não ficaremos caladas! Gostaria de dizer a ela que #SomosTodasKarinnyOliveira
porque a violência contra ela é a uma violência contra todas nós!
E a você leitor e leitora deste
blog, gostaria de pedir ajuda também... divulgue, repasse, contribua! Não se
cale! Não deixe a dor e a luta dela serem em vão! Veja abaixo como ajudar!
Obrigada Karinny por
compartilhar a sua dor comigo e por confiar em mim para contar a sua história!
Obrigada por não esmorecer
e por brigar com todas as suas forças contra um sistema muito maior do que eu e
você mas que precisa urgentemente mudar!
Tayná Leite - Feminista, Advogada, Executiva, Palestrante e uma mulher atrás das perguntas certas...
Karinny Oliveira estará
em Garanhus, no auditório do fórum Ministro Eraldo Gueiros, 14h30, no dia
13/03, encerrando as atividades da semana Justiça e Pá em Casa, onde nosso
judiciário acelerou os processos da Lei Maria da Penha.
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