Militantes do Partido Socialista Brasileiro (PSB) enviaram
hoje aos governadores, deputados e senadores da legenda a seguinte Carta, onde deixam claro o posicionando contra o impeachment golpista:
“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos
bons!” (Martin Luther King)
Em outubro de 2013, o Partido Socialista Brasileiro decidiu
sair do governo Dilma por não acreditar no rumo que as coisas vinham tomando na
condução do país.Naquela ocasião, o saudoso líder Eduardo Campos fez questão de
mais uma vez frisar o compromisso com as transformações econômicas e sociais
que o governo Lula havia proporcionado ao país, ressaltando todo o orgulho que
ele tinha de ter feito parte daquela história. Eduardo apontava as imensas
contradições na condução da gestão nacional, e antevia a chegada da crise
econômica e política, denunciando as equivocadas decisões fiscais, mas
principalmente ressaltando o perigo que era compartilhar tanto poder com o PMDB.
Já em 2013, o sonho da militância socialista era apresentar
uma nova forma de fazer política, para avançar ainda mais no debate das
desigualdades sociais e regionais, com um pacto federativo para o país. As
ideias da “nova política” foram defendidas de maneira cativante, firme e
entusiasmada por Eduardo, até o último dia de vida. Por motivos lamentáveis e
pueris, durante o período eleitoral, o PSB e sua militância sofreram campanha
covarde de difamação, liderada pelo PT e seus (ex) aliados, mas também por
setores do PSDB, impedindo que o país tivesse segundo turno entre duas mulheres
de origem nas lutas populares.
Passado mais de um ano do processo eleitoral, a direção
nacional do PSB deixou de lado a proposta de construir uma alternativa de
esquerda para o país e, em nome do pragmatismo e fisiologismo eleitoreiros que
assolam os partidos atualmente, alimenta incessantemente uma campanha contrária
à democracia e a legalidade, não só contra o (péssimo) governo democraticamente
eleito, mas também contra o próprio legado do governo Lula, que sempre orgulhou
a militância e sempre entusiasmou Eduardo.
Hoje assistimos constrangidos à união de dirigentes do PSB
com aqueles que sempre foram os nossos adversários. A insensatez é tanta que
atentam contra a democracia, tentando tirar do poder a presidente, que não
cometeu crime, para colocar algumas das figuras mais nocivas da sociedade
brasileira – aqueles que sempre denunciamos. É justamente por isso que
decidimos que não iremos nos calar!
Somos totalmente contrários à proposta do PMDB e a forma como
seus caciques conduzem a República, seu partido e seus parlamentares. O Projeto
do PMDB não é um projeto que representa o nosso partido. Um partido que tenta
chegar ao poder com eleições indiretas, aliado à mídia e todas as forças
conservadoras do país, além de nunca ter sido legitimados pelas urnas, é
totalmente avesso à democracia e liberdade proposto pelo PSB.
Sejamos claros e honestos com o Brasil: no domingo os
deputados não intentam votar o impeachment da presidente, mas aprovar uma rede
de conchavos e acordos espúrios que visam a levar Michel Temer à Presidência da
República. A agenda que Temer e seus asseclas defendem para o país é a de
retirar direitos dos trabalhadores, promover o conservadorismo religioso, frear
a política de redução das desigualdades sociais, ignorar o debate da soberania
nacional – tudo patrocinado pela velha elite de empresários paulistas, que não
se conforma com o crescimento econômico das regiões Norte e Nordeste do Brasil.
A agenda Temer é exatamente a que aprendemos a combater desde
a nossa criação, com João Mangabeira e com as figuras de
Antonio Cândido e Francisco Julião mobilizando as ligas
camponesas. A nossa luta sempre será inspirada em figuras como Antonio Houaiss
e Jamil Haddad. Desde que o também saudoso líder Miguel Arraes passou a dirigir
o PSB, a nossa luta e a nossa formação passaram a ser ainda mais focadas nos
valores da soberania nacional, e na defesa dos direitos da classe trabalhadora
e dos mais carentes. Quem cerrou fileiras com esses grandes dirigentes jamais
tolerará o atentado que o PSB tenta impingir à democracia e às nossas bandeiras
históricas.
Diante de tudo isso, a militância vem repudiar os deputados
que estiveram em reunião com Michel Temer, assim como clamar para que os
parlamentares do PSB VOTEM CONTRA o golpe que está sendo gestado no Congresso
Nacional e no Palácio do Jaburu, e voltem suas energias a construírem uma
alternativa de esquerda a esse projeto que hoje dirige o país.
Não vamos desistir do Brasil: Socialismo e liberdade!
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