Mas, diante de um cenário de inflação baixa, pela primeira
vez desde 2006 não devemos sentir tanto no bolso essa mudança. "A atual
política de reajustes do salário mínimo tem vantagens e desvantagens. A maior
desvantagem é que ele cria mais uma indexação na economia, já que seu valor é
usado como referência em diversos benefícios sociais", analisa o professor
de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Felippe Serigatti. Isso
porque, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), cerca de 48 milhões de pessoas no País têm rendimento
referenciado no salário mínimo. Assim, ao repassar a inflação anualmente para
tentar evitar a perda real do salário mínimo, o governo acaba pressionando
diversos setores, que muitas vezes precisam reajustar seus preços, gerando
inflação. "Quando você está em um ambiente de pressão de preços, o
reajuste do salário mínimo funciona como lenha na fogueira. O custo dele
reatroalimenta a alta de preços", resume o economista da Federação das
Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Thobias Silva.
Como as previsões de inflação para este ano têm permanecido
abaixo do centro da meta de 4,5%, o reajuste do salário mínimo, não deve ter
esse efeito de combustível sobre os preços. A última vez que isso aconteceu foi
em 2006, quando a inflação oficial para o ano ficou em 3,14%.
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