O curso de medicina da Universidade de Pernambuco (UPE) em
Garanhuns, no Agreste, acabou de formar a primeira turma. Entretanto, Junto com
a comemoração, a preocupação. Mesmo com seis anos de funcionamento, o curso
sofre deficiências graves, segundo o Conselho Regional de Medicina (Cremepe) e
o Sindicato dos Médicos (Simepe), pela falta de professores e inexistência de
um hospital-escola na cidade.
A situação é investigada pelo Ministério Público desde 2015
e, na semana passada, uma audiência reforçou que os problemas persistem. As
instituições médicas apontam que a situação precária exemplifica a complexidade
que os cursos médicos exigem.
Aluno do 7ª ano, o estudante Augusto Carvalho, 23 anos, está
a dois períodos do internato, que é prazo de dois anos finais onde o aluno vive
o dia a dia de especialidades médicas. A ansiedade por novas rotinas, no
entanto encontrou a incerteza. “Para mim, nosso maior problema hoje é a questão
do curso de prática.
Isso porque não temos o hospital-escola já que o hospital de
Garanhuns (a unidade Dom Moura) não foi adequado para o ensino. Isso gera
aquela expectativa de como acontecerá nossa formação. Sabemos da importância do
internato na própria cidade, mas não vemos perspectiva para que isso aconteça
em curto prazo”, lamentou.
A saída encontrada por vários deles tem sido cumprir esta
parte do curso em hospitais-escola de Caruaru, Serra Talhada ou Recife. “O
campo de prática para os futuros médico não é garantido”, reclamou o presidente
do Simepe, Tadeu Calheiros.
Outro problema, de acordo com o Cremepe e o Simepe, é a
deficiência de professores e tutores. O curso, à época da abertura, prévia um
quadro de 55 profissionais. Mas até hoje só conta com 27 concursados e 14
contratados, ou seja, 14 a menos que o previsto.
Neste quesito, Calheiros comentou que entrou na rotina
o convite de professores para aulas pontuais, a imprevisibilidade de algumas
cadeiras, além de compartilhamento de docentes por turmas diferentes.
O cenário desenhado na UPE Garanhuns acende o alerta sobre a
complexidade que a inauguração de um curso de medicina requer. “Sem sombra de
dúvida é preciso critério. Não é abrir um curso e correr atrás dos campos de
prática depois”, criticou.
A diretora do campus, Rosângela Falcão, informou que a
situação vem sendo contornada. Se em 2015 só haviam 17 professores concursados
e turmas ficaram sem aula, hoje são 27 professores e não há interrupções de
cronograma de aula.
“Temos conseguido suprir o déficit de professores. Agora,
realmente, não estamos com quadro completo. Um dos motivos é que existe baixo
interesse dos médicos em fazer o concurso para a universidade porque o salário
é bem menor do que para atuar como médico da Secretaria de Saúde”, justificou.
A remuneração para professor, segundo ela, gira em torno de
R$ 3 mil, quando um plantonista em serviços de saúde pode chegar a R$ 7
mil.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse que o colegiado
formado pela UPE, Dom Moura, Geres e UPAE já articulou algumas estratégias.
Entre as ações para fornecer os critérios de hospital-escola ao Dom Moura estão
a implantação de cirurgias em traumatologia e ortopedia; realização de curso de
aperfeiçoamento para preceptoria no SUS; convocação de 43 novos profissionais
para compor as escalas de plantão; além da implantação de residência em
enfermagem obstétrica.
Com informações da Folha de Pernambuco
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