Após um dia que terminou com o governador
Paulo Câmara (PSB) desautorizando qualquer crítica às audiências de custódia
como razão do aumento da violência no Estado, causou espanto à base governista
a nota do Tribunal de Justiça de Pernambuco. O TJPE desmonta o discurso de
Paulo e do PSB de que a violência é uma crise nacional. O objetivo era fazer a
defesa das audiências de custódia. Na prática, expôs a tese principal do PSB em
defesa do governo Paulo Câmara e do Pacto pela Vida.
Só no
primeiro semestre, grifou o TJPE, a alta de assassinatos em Pernambuco foi de
37,88%, enquanto a média nacional foi de 6,59%. A nota do Tj cita ainda que os
Estados nordestinos aferem homicídios em queda, como Bahia e Paraíba. Ou seja,
disse que a crise não é nacional. Quando é a oposição quem critica, um governo
sempre pode recorrer ao discurso da politização. Se é o TJPE, aí complica.
A base de
Paulo ficou estarrecida. A crítica às audiências de custódia ganhava corpo na
Assembleia Legislativa. Deputados queriam até uma audiência pública. O TJPE e o
Ministério Público reagiram. Ontem, Paulo anunciou mais policiais e políticas
para o setor. Isso quatro dias após o violento fim de semana. E já com outro
round perdido na comunicação, com a dura crítica do TJPE.
Veja a íntegra da nota do TJPE sobre o caso
*Nota a respeito das audiências de custódia*
Diante da divulgação de artigo na página oficial do Governo
do Estado, no qual procura associar o aumento da criminalidade em Pernambuco
com a realização das audiências de custódia, é necessário prestar os seguintes
esclarecimentos:
Em reportagem divulgada pelo jornal Estadão no mês passado
(agosto), com dados fornecidos pelas secretarias estaduais voltadas à
segurança, o Estado de Pernambuco responde por metade da alta de homicídios no
Brasil. Comparados o primeiro semestre de 2016 e o primeiro semestre de
2017, o número de homicídios no Estado pernambucano subiu 37,88%, enquanto que
a média nacional foi de 6,79%.
No tocante às audiências de custódia, Pernambuco é um dos
estados que possui maior porcentagem de manutenção das prisões. De acordo com
dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), enquanto que a média nacional é de
55,32% de prisões preventivas decretadas, em Pernambuco esse índice chega a
60,35%.
Na Paraíba, estado vizinho, o porcentual de prisões nas
audiências de custódia é inferior a Pernambuco: 55,68%, enquanto que o índice
de homicídios caiu, ficando em -9,63%. Outro exemplo é o da Bahia. No primeiro
semestre de 2016, aquele estado possuía um número de homicídios superior a
Pernambuco e conseguiu reduzir a criminalidade, atingindo um porcentual de
-2,41% no primeiro semestre de 2017, apesar de o número de prisões mantidas nas
audiências de custódia ser de 38,75% apenas.
Se o aumento da violência em Pernambuco está relacionado com
a liberação de presos nas audiências de custódia, por que é que os demais
Estados conseguiram reduzir o número de homicídios apesar de
apresentarem porcentuais de manutenção de prisões inferiores a Pernambuco
nas audiências de custódia?
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) sempre auxiliou o
Governo do Estado na busca de soluções para a redução da criminalidade,
mantendo diálogo aberto e franco e participando ativamente das reuniões do Pacto pela
Vida. Porém, o Poder Judiciário estadual também tem o dever de esclarecer, em
respeito à sociedade e ao trabalho desenvolvido, que as audiências de custódia
não são o motivo do aumento da criminalidade em nosso Estado. O Tribunal
reafirma o seu papel no diálogo entre as instituições, na busca por ações
voltadas à pacificação social e no cumprimento da legislação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante para nós. Deixe-o aqui e participe desse universo onde a opinião de cada um tem o poder de fazer as coisas ficarem sempre melhores.