O agreste pernambucano surge como região do País com
potencial na produção de vinhos, além de contribuir para o enoturismo. Essa foi
a conclusão do estudo realizado pela Embrapa Semiárido, em parceria com o
Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e a Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE). O trabalho teve como proposta avaliar a aptidão
vitivinícola em outras regiões do País, especialmente no Nordeste, além de
analisar os primeiros resultados de um projeto de produção de vinhos no Agreste
pernambucano.
“Começamos o trabalho em Martins (RN), em Morro do Chapéu
(BA) e em Garanhuns (PE), mas tivemos dificuldades operacionais com as
parcerias no Rio Grande do Norte e na Bahia”, conta Patrícia Leão, pesquisadora
da Embrapa e líder do projeto. “Já em Garanhuns, fomos muito bem-sucedidos”,
completa.
Segundo Patrícia, a microrregião de Garanhuns se destaca como
importante bacia leiteira, mas, por estar situada em clima de altitude, tem
forte apelo turístico pelo seu clima ameno, especialmente no inverno, atraindo
grande número de turistas neste período. “Por outro lado, sabe-se também que a
produção de vinhos é um forte atrativo para o turismo, especialmente em regiões
com climas amenos”, acrescenta.
Além disso, a síntese de compostos fenólicos é favorecida
quando a maturação da uva acontece em condições de temperaturas amenas, o que
pode melhorar a qualidade dos vinhos. “Assim, o estímulo à produção de uvas
para vinho na região tem muitos pontos positivos, como a produção de vinhos de
qualidade diferenciadas daqueles produzidos na região semiárida, como também
mais um atrativo ao turismo regional e à diversificação das atividades
agropecuárias, especialmente para o pequeno e médio empreendedor rural”,
acrescenta Patrícia.
RESULTADOS
Segundo a pesquisadora, como 2015 e 2016 foram anos mais
secos, foi possível programar o ciclo de produção com poda em agosto e colheita
entre dezembro e janeiro, e as doenças ocorreram em pequena proporção e foram
controladas. “As avaliações agronômicas realizadas nas duas safras obtidas até
o momento (2015/2016) demonstraram que algumas cultivares apresentaram
produtividades aceitáveis”, avalia.
O projeto testou dez variedades de uvas europeias ao longo de
três anos. Destas, três brancas e três tintas se adaptaram às condições de solo
e clima. “É importante ressaltar que enólogos nem consideram as duas primeiras
safras para avaliação porque videiras mais envelhecidas produzem compostos mais
ricos. Então, estes resultados podem mudar muito ainda. Além da qualidade do
fruto, desempenho agronômico, viabilidade produtiva e rentabilidade econômica
são fatores que serão estudados”, relata Patrícia.
Patrícia acrescenta que os primeiros seis vinhos varietais
elaborados na safra de 2016 também alcançaram um potencial enológico
satisfatório e que tende a evoluir nos próximos anos com os ajustes no sistema
de produção, na determinação do ponto de colheita adequado para cada cultivar e
na aplicação de técnicas específicas durante a vinificação.
“Precisamos agora ajustar o manejo. Tudo o que fizemos foi
com base em informações do que se produz no Vale do São Francisco e na Região
Sul. A qualidade do vinho precisa ser avaliada por, no mínimo, mais duas
safras, para termos mais consistência. Mas estamos muito otimistas com o que
obtivemos até então”, avalia.
Segundo Patrícia, os resultados ainda são preliminares, mas
as principais cultivares para o cultivo na região já apontam para as uvas
Muscat Petit Grain, também conhecida como Moscato Branco e Sauvignon Blanc, para
vinhos brancos e Syrah, Cabernet Sauvignon e Malbec, para vinhos tintos.
Por Equipe SNA/SP
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