Apesar do Governo de Pernambuco
comemorar a redução dos índices de criminalidade nos últimos dois meses, o
mal-estar na Polícia Civil parece não ter fim. Profissionais, entre agentes,
comissários e delegados, não escondem a insatisfação pelas péssimas condições
de trabalho. E nesta semana foi a vez da Associação dos Delegados de
Polícia do Estado de Pernambuco (Adeppe) vir a público fazer críticas. A
instituição afirmou que materiais básicos como papel, tinta para impressora e
até computador com internet estão em falta nas delegacias espalhadas por todo o
estado.
“É comum faltar materiais como papel
e tinta para impressora, itens de proteção individual e limpeza, além de haver
dificuldades para uso de computador e internet, sendo preciso, não raramente,
que os delegados solicitem ajuda das prefeituras para poder trabalhar”, informa
a Adeppe. Em algumas situações, policiais fazem até cota para comprar
tinta e conseguir imprimir os boletins de ocorrência, a exemplo de casos já
registrados na Central de Plantões da Capital, no bairro de Campo Grande, Zona
Norte do Recife.
Outro problema já denunciado inúmeras
vezes pelo Ronda JC é que o cidadão enfrenta dificuldades para
registrar queixas, porque encontram muitas delegacias fechadas à noite e
nos fins de semana, apesar de a Polícia Civil de Pernambuco afirmar que em todas
as unidades há pelo menos um policial de plantão.
Em uma nota oficial, a associação
afirmou que “não vê razão para comemorar a atual redução da violência”. Disse
também que o aumento dos índices de homicídios e crimes contra o patrimônio,
registrados nos últimos quatro anos, foi resultado “dos investimentos
insuficientes na segurança pública, sendo a Polícia Civil a instituição mais
afetada”.
Confira, a seguir, o texto publicado pela Adeppe:
“A Adeppe informa que a verdadeira
razão para o aumento da violência em Pernambuco nos últimos anos é decorrente
dos investimentos insuficientes na segurança pública, sendo a Polícia Civil do
Estado de Pernambuco, a instituição mais afetada. Conforme as estatísticas
comprovam, o sucateamento da polícia judiciária coincide com o aumento do
número de ocorrências criminais.
Desde fevereiro deste ano, quando
novos delegados tomaram posse, após quase nove anos sem nomeações, o número de
Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) e de Crimes Violentos Contra o
Patrimônio (CVP) diminuíram de maneira significativa, tendo no mês de abril uma
redução de 30,74% no CVLI em relação ao mesmo mês de 2017.
A Adeppe informa que também houve
redução a partir de setembro de 2009, outro momento de posse de novos
delegados. Na época, ocorreu diminuição de 94 assassinatos em relação ao mesmo
mês de 2008. Fica claramente demonstrado que, quando se investe na Polícia
Civil, os resultados positivos chegam rapidamente.
A falta de planejamento prejudica a
reposição do efetivo diante das inúmeras aposentadorias, que causam sobrecarga
de trabalho para os remanescentes e ocasionam inevitável diminuição na remessa
de inquéritos para a Justiça. O tráfico de drogas também aumenta as estatísticas,
sendo responsável atualmente por 60% dos homicídios no Estado, segundo a
Secretaria de Defesa Social (SDS), comandada atualmente pelo delegado Antônio
de Pádua. A criminalidade cresce em decorrência da sensação de impunidade.
A Adeppe ressalta, ainda, as
condições deficitárias de trabalho nas delegacias. É comum faltar materiais
como papel e tinta para impressora, itens de proteção individual e limpeza,
além de haver dificuldades para uso de computador e internet, sendo preciso,
não raramente, que os delegados solicitem ajuda das prefeituras para poder
trabalhar.
Por fim, a Adeppe, ciente da
gravidade da situação, não vê razão para comemorar a atual redução da violência
e reforça seu compromisso de continuar a reivindicar condições adequadas de
trabalho para a categoria, a fim de que a população fique mais segura.”
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