quinta-feira, 28 de junho de 2018

PEÇA QUE RETRATA JESUS COMO TRANSEXUAL SERÁ APRESENTADA EM GARANHUNS DURANTE O FIG




       Cercada de grandes polêmicas e alvo de protestos por onde passa, a peça O evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu será apresentada em Garanhuns na 28ª edição do FIG. O espetáculo polêmico registra um vendaval de duras críticas oriundas de grupos, principalmente religiosos por onde passa. Em muitas cidades, ações judiciais tentam cancelar a peça, mas em muitas delas a liminar é cassada e a apresentação ocorre com casa cheia e grande recepção do público.

             O monólogo, originalmente escrito pela dramaturga transexual escocesa Jo Clifford e traduzida, montada e dirigida pela argentina radicada em São Paulo Natalia Mallo, tem como protagonista uma releitura de Jesus vivendo nos dias atuais como uma travesti, interpretada pela atriz Renata Carvalho. A proposta causa a revolta de alguns grupos religiosos.

A peça

           Sozinha no palco, a atriz aparece de salto, vestido e blazer e logo se apresenta: "Vocês não imaginavam me encontrar aqui, vocês imaginavam me encontrar na igreja, mas na igreja não posso entrar". E então começa o monólogo, baseado na reinterpretação da história bíblica. O texto faz releituras de algumas parábolas, como a do Filho Pródigo e das Bodas de Caná, mas colocando uma protagonista feminina no lugar do homem e contadas em primeira pessoa pela personagem.

          Em umas das cenas, ela diz “Nunca disse: cuidado com os homossexuais, transexuais e gays. Eu nunca disse isso, eu disse: cuidado com os autoindulgentes e os hipócritas, cuidado com aqueles que se imaginam virtuosos e proferem julgamento, aqueles que condenam os outros e se consideram bons. Seus lábios são cheios de bondade, mas seus corações estão plenos de ódio”. Ao final, ela divide o pão e o vinho com o público presente, assim como Jesus fez com seus apóstolos na Santa Ceia

          O evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu será exibido dentro da programação teatral do 28º Festival de Inverno de Garanhuns na quinta-feira (27/7),  sendo uma das atrações da Terceira Mostra de Teatro Alternativo.


POLÊMICA VAI PARAR NA JUSTIÇA


CENSURADA JUNDIAÍ SP

          Em setembro de 2017, uma decisão do juiz Luiz Antonio de Campos Júnior, da 1ª Vara Cível da cidade censurou o espetáculo. Na época ele escreveu na sentença; figuras religiosas e sagradas não podem ser "expostas ao ridículo".

       O magistrado considerou o espetáculo de "mau gosto" e explicou que sua intenção com a decisão era impedir um ato que "maculará o sentimento do cidadão comum”. Na sentença, o juiz, também fez questão de ressaltar que não se tratava de censura prévia e que não se pode confundir "liberdade de expressão" com "agressão e falta de respeito". Posteriormente o TJ derrubou a decisão cassando a liminar do juiz que determinou o cancelamento do espetáculo.

LIBERADA EM PORTO ALEGRE

       "E, sem citar um único artigo de lei, vamos garantir a liberdade de expressão dos homens, das mulheres, da dramaturga transgênero e da travesti atriz, pelo mais simples e verdadeiro motivo: porque somos todos iguais". Com esse entendimento, o juiz José Antônio Coitinho, da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Porto Alegre negou  pedido de suspensão da peça em setembro de 2017 na capital gaúcha.





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