São Paulo- O Ministério do Interior
da Rússia abriu um inquérito formal contra os brasileiros que, nos primeiros
dias da Copa do Mundo, constrangeram uma mulher em Moscou, num vídeo que
difundiram pela internet.
A decisão do governo foi uma reação à
denúncia apresentada pela advogada e ativista russa Alyona Popova. Numa carta
endereçada a ela, a polícia de Moscou confirmou que iniciou investigações.
O documento, obtido pelo jornal O
Estado de S. Paulo, é desta segunda-feira e indica que um registro especial foi
dado ao caso, dentro do Ministério do Interior. As autoridades tinham um mês
para dar uma resposta à ativista, o que significava que tinham um prazo até 20
de julho para tomar uma decisão. Mas anteciparam o processo e, em apenas dez
dias, optaram por iniciar o caso.
Na carta enviada ao governo, a
ativista considerava que "cidadãos estrangeiros deveriam pedir desculpas
publicamente, e para a menina, e todos cidadãos russos diante do sexismo, da
falta de respeito às leis da Federação Russa, o desrespeito por um cidadão
russo, insultos, humilhação da honra e dignidade de um grupo de pessoas com
base em seu gênero."
Caso sejam considerados como
culpados, os brasileiros podem sofrer sanções que vão desde multas até a
proibição de voltarem a entrar em território russo.
Na comunicação ao governo datada de
20 de junho, Popova cita artigos das leis russas que apontam para punições
quanto à humilhação ou insulto. Nesse caso, multa pode chegar a 3 mil rublos
(R$ 175). Mas também existiria a possibilidade de que os brasileiros sejam
denunciados por violência da ordem pública e abusos sexuais. Uma
responsabilidade criminal apenas poderia ser atribuída se ficar constatado que
o ato tem uma relação com discriminação de sexo, de raça ou nacionalidade.
Num texto publicado pela ativista, ela alerta que um dos
envolvidos tinha um cargo público e que "não podem humilhar" a mulher
russa. Ela se referia ao tenente da Polícia Militar de Santa Catarina Eduardo
Nunes, um dos identificados no vídeo. Segundo a advogada, a ofensa tem uma
relação direta com "nacionalidade e gênero". "Gostaria que esses
cidadãos fossem punidos", escreveu.
Na semana passada, o CEO da Copa, Alexey Sorokin, surpreendeu
ao dizer que desconhecia os casos de assédio sexual por parte dos torcedores.
"Eu desconheço o tema. Não acho que isso seja um
problema enorme, não ocorreu tanto", tentou minimizar Sorokin. Na
sequência, o CEO da Copa tentou mudar o um pouco o tom da sua resposta e disse
esperar que "todos tenham respeito, sem distinção entre homens, mulheres,
crianças. "Cortesia é uma conduta básica. Em caso de condutas criminais,
tomaremos medidas de acordo com as autoridades. Se quebrar as regras da lei,
vão responder por isso", disse o russo.
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