terça-feira, 14 de agosto de 2018

GARANHUNS PERDE SEU FILHO E PATRIMÔNIO VIVO DO ESTADO, JOSÉ PIMENTEL - "O CRISTO DAS PAIXÕES"




         Morreu nesta terça-feira (14) o garanhuense ator, escritor e diretor de teatro José Pimentel, de 84 anos.O mesmo se encontrava internado no Hospital da Esperança, na área central do Recife, desde quinta-feira (9), por causa de um enfisema pulmonar. O artista, conhecido por interpretar Jesus nos espetáculos da Paixão de Cristo do Recife e de Nova Jerusalém, no interior de Pernambuco deixa uma imensa lacuna na nossa sociedade.

              Desde o ano de 2017, Pimentel foi incluído na Patrimônios Vivos de Pernambuco,  justamente por interpretar Jesus na Paixão de Cristo por mais de 40 anos. Em 2018, foi a primeira vez que o ator não interpretou o papel na capital pernambucana, apesar de registrar sua participação na grandiosa produção.


         Segundo a filha do ator, Lilian Pimentel, na quinta-feira (9), que ele foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por causa da dificuldade respiratória. No sábado (11), o estado era estável, no entanto o paciente teve que se submeter a sessões de hemodiálise.

           O ator passou a respirar com a ajuda de aparelhos e a pressão baixou muito. Os médicos chegaram a mudar os antibióticos para tentar reverter o quadro clínico e precisaram suspender a hemodiálise. Ele faleceu por volta das 9h30 desta terça-feira, segundo a família.



História

        José Pimentel nasceu na cidade de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Escritor, também atuou como professor de teatro na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Durante 21 anos, ele comandou a direção e atuou na Paixão de Cristo do Recife.

          O ator é um dos fundadores do espetáculo de Nova Jerusalém em Fazenda Nova, no município de Brejo da Madre de Deus, há 52 anos. Em 2018, Pimentel ganhou o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

            Os parentes contam que tudo começou quando, a partir da sugestão de um amigo, Pimentel foi incentivado, devido ao seu porte físico atlético, a representar um soldado romano no espetáculo Paixão de Cristo de Nova Jerusalém.

         Anos depois, passou a ajudar o gaúcho Plínio Pacheco, idealizador e construtor da cidade-teatro de Nova Jerusalém, assumindo, junto com outros, a iluminação e a sonorização do espetáculo.

           Concebeu o sistema de dublagem feito com a gravação da fala dos atores permeada com a trilha sonora do espetáculo. Entre 1968 e 1977, Pimentel interpretou Pilatos e dois demônios. Em 1969 substituiu Clênio Wanderley na direção do espetáculo.

          Em 1978 começou a atuar no papel de Jesus, substituindo o ator Carlos Reis, e continuou até 1996, afastando-se, então, da atuação e da direção, quando os outros responsáveis decidiram utilizar atores da TV Globo como elenco principal no lugar dos atores locais.

            O ano de 2018  foi o primeiro ano em que o ator não interpretou Jesus, após quatro décadas de dedicação aos espetáculos da Paixão de Cristo, mas nesse ano, ganha sua biografia que vem a público em forma de livro. Em "José Pimentel - Para além das paixões" (Cepe Editora, 185 páginas, R$ 80), o jornalista pernambucano Cleodon Coelho mostra a trajetória profissional e pessoal do artista, desvendando a figura humana por trás da imagem que prevalece no inconsciente coletivo dos pernambucanos.


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