domingo, 23 de dezembro de 2018

REGISTRO HISTÓRICO- BUSTO DE SIMOA GOMES É REINAUGURADO NA AVENIDA RUI BARBOSA




           Na Avenida que leva seu nome, mas sem uma palavra sobre sua história. Como tantas, quiçá todas, as ruas e avenidas da cidade. História, sem exagero, que se confunde com a história da cidade. Da cidade, nascida por seu gesto. Sim, porque tudo começara por ela. Através de seu desapego ao material. Por ver longe, muito longe... o que seria a sua “Fazenda do Garcia”, ela já viúva, herdeira, portanto, de seu esposo Manoel Ferreira de Azevedo. Fazer das suas terras, a “Freguesia de Santo Antônio de Garanhuns”; mais tarde, “Povoação de Santo Antônio de Garanhuns” e “Vila de Santo Antônio de Garanhuns”, e, afinal, “Cidade de Garanhuns”.



         Esses presságios porque passara e ainda passa a sua “Fazenda do Garcia”, ela, a nossa heroína Simôa Gomes de Azevedo, positivamente, não haveria de conhecer. Nem ela, nem os seus. Nem os que lhe cercavam.



        O nome de Simôa Gomes de Azevedo, contudo, não poderia ser esquecido pelos garanhuenses, como, em verdade, não fora nem tem sido. Contudo, a sua história na cidade deveria e ainda deve ser lembrada a gerações, até porque muitos velhos e crianças ainda hoje não sabem se Simôa era homem ou mulher. A que gênero, portanto, pertencia. Muitos ainda se atrevem em perguntar se era homem ou mulher. Ou a dizerem: “Seu Simôa. Dona Simôa”.


Givaldo Calado - por ocasião do translado do busto de Simoa Gomes, colocado na Avenida Rui Barbosa, após dez anos de sua inauguracão na rua de seu nome, Simoa Gomes, em evento realizado pelas damas do Clube Litero Recreativo, Brasil Estados Unidos.





          Com o fim da  Guerra dos Palmares, começaram a chegar a esta região muitos negros e índios perseguidos. A mesma foi se povoando e formando diversas comunidades negras, ou pequenos quilombos, como também mocambos. 

               Com a vitória, Domingos Jorge Velho ganhou como prêmio uma sesmaria de seis léguas de terra. Não querendo aqui ficar, entregou tudo ao seu filho, Miguel Coelho Gomes.

          Tudo isso aconteceu em 1694. Domingos Jorge Velho não era flor que se cheirasse, foi um cruel perseguidor e assassino de índios e negros. Sua maldade era sem limites.
Simôa Gomes nasceu em dezembro de 1693.  Filha do Sr. Miguel Coelho Gomes com uma índia Cariri, da tribo dos Unhanhú. Neta de Domingos Jorge Velho e Dona Jerônima Fróes.

           Simôa Gomes herdou sua parte de terra, ao falecer seu marido, Manoel ferreira de Azevedo, em 1729.  Em 1756, Simoa Gomes já viúva , através de Escritura Pública doou uma parte de terra da Fazenda do Garcia à Confraria das Almas da Igreja Matriz da Freguesia de Santo Antonio do Ararobá, a atual igreja Matriz de Garanhuns. Simôa Gomes faleceu em 1763.

         A igreja foi erguida sob a égide de Santo Antonio, possivelmente em homenagem  ao fundador da Fazenda, Antonio Garcia. 

       As Confrarias eram grupos de pessoas que se associavam para promover a devoção e o culto a um santo. Às vezes erigiam um altar em algum lugar, e às vezes já havia uma capela dedicada ao santo e a função da Confraria era cuidar e zelar pela capela. 

         Além disso, os membros da Confraria se ajudavam mutuamente, promoviam sepultamentos, oravam pelas almas dos falecidos, cuidavam das viúvas e dos órfãos etc. 

         Havia, também, pessoas que designavam a sua própria alma como herdeira de seus bens. Assim, doavam seus bens à Confraria, e, depois de sua morte, a Confraria administrava aqueles bens e orava pela alma da pessoa que doou. Desta forma, o doador, garantia a realização de missas pela sua alma, para que ela se salvasse no juízo final.

          Em 10 de março de 1811 o  Povoado  de Santo Antonio dos Garanhuns passa à Vila. Segundo o historiador Alfredo Leite Cavalcanti, a esta altura já havia um povoado com 156 prédios  na propriedade da Confraria, que desde 1813 já se chamava Vila de Santo Antonio de Garanhuns. 

         Mas, ao que parece, depois da morte de Simôa Gomes, os membros da Confraria esqueceram o combinado. O deputado Austerlino Correa de Castro contou ao seu neto, o vereador Fausto Souto Maior  e este mandou escrever, o seguinte fato:  "Em 1855, o Juiz de Direito Dr. José Bandeira de Melo, verificando o estado de abandono do patrimônio doado por Simôa Gomes, instaurou um processo que determinou o sequestro e a incorporação dos bens ao Patrimônio Nacional, a sentença saiu em 26 de Julho de 1855". 

       Em 1872, o  Juiz de Direito, Antônio Manoel de Medeiros Furtado, regularizou a cobrança do foro e os pagamentos das missas para as almas, supondo-se que tenha sido anulada a sentença do sequestro do patrimônio da Confraria das Almas, mas tudo indica que em nada resultou por que não existem documentos que comprovem essa anulação.

          Assim nasceu Garanhuns no seio da propriedade doada por Simôa Gomes de Azevedo à Confraria das Almas.


Fonte da pesquisa: "Livro Garanhuns em Versos" de Luiz Gonzaga de Lima - "Gonzaga de Garanhuns" e do blog  http://terradomagano.blogspot.com.br.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é muito importante para nós. Deixe-o aqui e participe desse universo onde a opinião de cada um tem o poder de fazer as coisas ficarem sempre melhores.