A modelo Gisele
Bündchen enviou nesta quarta-feira, 16, uma carta à ministra da
Agricultura, Tereza Cristina, respondendo aos comentários feitos pela
política sobre ela no início da semana. Tereza disse em entrevista à Rádio Joven Pan que
Gisele deveria ser uma "embaixadora" do País no exterior, divulgando
como o Brasil produz com preservação à natureza e não criticar "sem
conhecimento de causa".
A ministra se queixava de críticas feitas de um modo geral
sobre a atuação do governo em relação às suas florestas. "É um absurdo o
que fazem hoje com a imagem do Brasil. Infelizmente são maus brasileiros. Por
algum motivo vão lá fora levar uma imagem do Brasil e do setor produtivo que
não é verdadeiro." E disse na sequência. “Desculpe, Gisele Bündchen, você
deveria ser nossa embaixadora e dizer que seu País preserva, está na vanguarda
do mundo na preservação, e não meter o pau no Brasil sem conhecimento de
causa".
Gisele compartilhou em seu perfil no Twitter a parte inicial
da resposta: “Causou-me surpresa ver meu nome mencionado de forma negativa por
defender e me manifestar em favor do meio ambiente pois, desde 2006, venho
apoiando projetos e me envolvendo com causas socioambientais, o que sempre fiz
com muita responsabilidade”, escreve.
“A
senhora mencionou a grande quantidade de áreas protegidas no Brasil. Lamento,
no entanto, ver notícias, como a do final do ano de 2018, com dados do governo
federal divulgados amplamente na imprensa, que o desmatamento na Amazônia havia
crescido mais de 13%, o que representava a pior marca em 10 anos. Um patrimônio
inestimável ameaçado pelo desmatamento ilegal e a grilagem de terras públicas.
Estes sim são os ‘maus brasileiros’”, escreve.
A modelo também disse que valoriza e preza o papel da
agricultura e dos agricultores para o país. “Mas ao mesmo tempo acredito que a
produção agropecuária e a conservação ambiental precisam andar
juntas, para que nosso desenvolvimento possa ser sustentável e longevo”,
continua.
Ela defende que se use “tecnologia e todo conhecimento
científico a favor da agricultura e da produtividade” a fim de evitar que
“novos desmatamentos possam ultrapassar o ponto de não retorno em que a
degradação em curso do clima ameno se tornará irreversível”.
A modelo afirma ainda que preservar a natureza, além de ser
um dever, é também “uma forma de assegurar água, biodiversidade e condições
climáticas essenciais para a produção agrícola”.
Gisele encerra a carta dizendo que ficaria "muito
feliz" em divulgar “ações concretas que resultem em um Brasil mais
sustentável, justo e próspero”.
Resposta da ministra
Também pelo Twitter, a ministra respondeu agradecendo a
carta.
"Vamos construir juntas uma agenda contra o desmatamento ilegal e a
grilagem", escreveu. Em nota enviada ao Estado, Tereza
classificou o texto como "elegante, ponderada e respeitosa". Disse
que a modelo "destaca e valoriza os produtores rurais e reconhece sua
importância para o desenvolvimento do País". Segundo a ministra, a carta
"ressalta a importância que a união entre produção e preservação podem ter
para que o País possa ter uma economia eficiente e sustentável".
Tereza afirmou ainda que foi "infeliz" a repercussão
sobre sua entrevista e elogiou Gisele: "Em hipótese alguma é uma má
brasileira, mas sim um orgulho para nosso País, ainda mais se dedicando a
pautas tão nobre quanto o bem estar de nosso planeta. Espero que esse seja o
início de uma longa conversa para a construção de uma agenda que traga
desenvolvimento sustentável para nossa população", complementou.
Obrigada @giseleofficial
pela carta que nos enviou se dispondo a divulgar nossas ações positivas.Vamos
construir juntas uma agenda contra o desmatamento ilegal e a grilagem. Eu disse
na rádio Jovem Pan que vc era o máximo! E vc é!"
Leia a seguir a íntegra da carta de Gisele
"Excelentíssima Senhora Ministra da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Tereza Cristina
Escrevo respeitosamente à senhora para me manifestar em
relação a alguns comentários que foram feitos e que dizem respeito à minha
pessoa em sua entrevista no dia 14 de janeiro ao veículo Jovem Pan. Causaram-me
surpresa as referências negativas ao meu nome, pois tenho orgulho de ser
brasileira e sempre representei meu país da melhor forma que pude.
Primeiramente, gostaria de dividir com a senhora um pouquinho
da minha trajetória. Sou uma apaixonada pela natureza e tenho uma conexão muito
forte com a terra. Nasci no interior do Brasil, onde a agricultura sempre foi
fundamental para a economia e desenvolvimento de todos os municípios do
entorno. Meus avós também praticavam agricultura familiar.
Valorizo e prezo muito o papel tão importante que a
agricultura e os agricultores têm para o nosso país e nosso povo, mas ao mesmo
tempo acredito que a produção agropecuária e a conservação ambiental precisam
andar juntas, para que nosso desenvolvimento possa ser sustentável e longevo.
Desde 2006 venho apoiando projetos e me envolvendo com causas
socioambientais no Brasil (através da doação de parte da renda da venda de
produtos licenciados com meu nome a diversos projetos relacionados à água e
florestas até o apoio e realização de projeto de reflorestamento de mata ciliar
na minha cidade natal). Já visitei a Amazônia algumas vezes e conheci de perto
a realidade da região norte de nosso país. Em decorrência do meu trabalho
relacionado ao meio ambiente fui convidada para ser Embaixadora da Boa Vontade
da ONU para o Meio Ambiente e também pelo presidente da França para participar
do lançamento do Pacto Global para o Meio Ambiente na Assembleia Geral da ONU
nos Estados Unidos, além de ter participado de inúmeros encontros com
presidentes de empresas, universidades, cientistas, pesquisadores, agricultores
e organizações do meio ambiente, onde pude trocar informações e aprender cada
vez mais sobre como cuidar do nosso planeta.
Tendo ciência, através de diferentes fontes de informação, do
alto grau de comprometimento e irreversibilidade que algumas ações
governamentais poderiam trazer ao meio ambiente, como cidadã brasileira
preocupada com os rumos da minha nação resolvi, em algumas oportunidades que
entendi críticas e merecedoras de atenção, me manifestar.
A Senhora mencionou a grande quantidade de áreas protegidas
no Brasil. Lamento, no entanto, ver notícias, como a do final do ano de 2018,
com dados do Governo Federal divulgados amplamente na imprensa, que o
desmatamento na Amazônia havia crescido mais de 13%, o que representava a pior
marca em 10 anos. Um patrimônio inestimável ameaçado pelo desmatamento ilegal e
a grilagem de terras públicas. Estes sim são os “maus brasileiros”.
Precisamos usar a tecnologia e todo conhecimento científico a
favor da agricultura e da produtividade para que evitemos que novos
desmatamentos possam ultrapassar o ponto de não retorno em que a degradação em
curso do clima ameno se tornará irreversível.
Vejo a preservação da natureza não somente como um dever
ambiental legal, mas também como uma forma de assegurar água, biodiversidade e
condições climáticas essenciais para a produção agrícola.
Cara Ministra Teresa Cristina, seu papel como ministra da
Agricultura - em um país onde clima, agricultura e floresta têm papel chave
para nossa economia - é fundamental. Sei do desafio que tem pela frente e torço
para que em seu mandato possam ser celebradas ações concretas que resultem em
um Brasil mais sustentável, justo e próspero.
Ficarei muito feliz em poder divulgar ações positivas que
forem tomadas neste sentido.
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