A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, está com problemas na montagem de palanques em 15 Estados, que abrigam 63% do eleitorado. E alguns são muito sérios, como Bahia, Maranhão e Pará. O número de Estados é exatamente o mesmo em que seu principal rival, o tucano José Serra, já tem palanques prontos.
Os percalços no caminho das coligações que vão apoiar Dilma são maiores e a explicação é simples, de acordo com políticos ligados às duas campanhas: o arco de partidos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta cooptar para a ex-ministra é superior a dez, muito maior do que os três que apoiam Serra - PSDB, DEM e PPS. E, como dificuldade adicional, PT e PMDB, hoje unidos pela cúpula, são partidos que possuem um histórico de trombada em vários Estados.
É natural, portanto, que os desentendimentos nesse quadro complexo sejam maiores na base do governo. O que não é natural é a demora na definição dos palanques. Mais de dois anos depois do lançamento da candidatura de Dilma por Lula, em vez de ser resolvido, o problema tem se agravado em alguns Estados.
Já a demora na definição de Serra em se tornar pré-candidato, embora tenha levado aliados como o DEM ao desespero, não atrapalhou a montagem de seus palanques. O PSDB deverá ter candidatos próprios em 15 Estados e garantia de aliança em 24 das unidades da Federação. Só enfrenta dificuldades no Distrito Federal, Rio e Santa Catarina, que somam 13,3% do eleitorado.
Ceará. A aliança que foi feita em 2006, com o PT prestando apoio à eleição do governador Cid Gomes, do PSB, está ameaçada. Como os petistas cearenses cogitassem lançar uma candidatura contra o antigo aliado, Dilma e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, passaram os últimos dois dias tentando contornar o impasse no Estado.
Depois de ver-se boicotada por Cid Gomes durante sessão da Câmara Municipal de Fortaleza de segunda-feira à noite, em que recebeu o título de cidadã da cidade, Dilma procurou ontem o governador. Levou Dutra. A dupla prometeu não abandonar o irmão do deputado Ciro Gomes - que apesar de aliado de Lula mantém a intenção de disputar a Presidência pelo PSB.
No Maranhão o PT busca uma saída para controlar o grupo do deputado Domingos Dutra, que comanda a oposição à governadora Roseana Sarney, do PMDB, e o apoio à chapa do comunista Flávio Dino. O PT tenta não fazer intervenção no diretório do Maranhão, para não agravar a crise.
Cenário favorável. Levantamento feito pelo PSDB aponta oito candidatos da coligação PSDB, DEM e PPS em condições de vencer se as eleições fossem hoje. Eles estão nos Estados de São Paulo, Paraná, Goiás, Alagoas, Tocantins, Roraima, Pará e Piauí. Não significa que o voto em um aliado de Serra vá se reverter para o candidato, pois o Brasil tem muitos antecedentes em contrário.Os votos em Fernando Collor, em 1989, e no próprio Lula, em 2002 e 2006, mostram que o eleitor não vincula o candidato local ao presidencial.
A maior bancada de governadores do PSDB teve sete integrantes, eleitos em 1998, façanha repetida pela legenda em 2002, quando Lula foi eleito presidente. Na reeleição de Lula, em 2006, os tucanos elegeram quatro governadores. Um deles, Cássio Cunha Lima, da Paraíba, acabou cassado em novembro de 2008, por abuso de poder econômico na campanha.
A boa situação dos palanques de Serra deve dar sobrevida ao DEM, partido que vem sofrendo redução de quadros a cada eleição e até já pensa em se fundir ao PSDB. O DEM elegeu apenas um governador em 2006 - José Roberto Arruda, de Brasília. Mas ele se envolveu num gigantesco escândalo de corrupção que acabou por desgastar ainda mais o antigo PFL. Já O PPS não tem nenhum governador.
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