quinta-feira, 3 de junho de 2010

CINEMA PERNAMBUCANO TEM NOVO FÔLEGO

Baile Perfumado deu início ao novo momento de efervescência da 
produção genuinamente pernambucana
Baile Perfumado deu início ao novo momento de efervescência da produção genuinamente pernambucana
Foto: Divulgação

 
Pernambuco sempre foi um forte polo de produção cultural. Música, artes plásticas e festas populares são famosas em todo o Brasil pela originalidade. O nosso Estado também se mostra produtivo quando o assunto é fazer cinema. Na década de 20, o chamado Ciclo do Recife resultou em 13 longas-metragens. Já em 1970, o super-8 estava em alta, e no Estado foram lançados cerca de 150 longas nesse formato. Após alguns anos de péssima fase em todo o País, o cinema retomou o fôlego e a representatividade no início dos anos 1990. Foi também nesta época que os pernambucanos Paulo Caldas e Lírio Ferreira filmaram Baile Perfumado (1997), dando início ao novo momento de efervescência da produção genuinamente pernambucana.

Paulo e Lírio faziam parte de uma turma de estudantes de jornalismo que, em vez de almejarem o dia a dia das redações, queriam mesmo era produzir e estudar filmes. Essa, aliás, era uma realidade bastante comum entre os estudantes de Comunicação Social, e a procura por uma graduação específica na área já resultou na criação de cursos em universidades públicas e em faculdades particulares – cinema, na Universidade Federal de Pernambuco; cinema digital, na Faculdade Maurício de Nassau; e de Animação, na Aeso.
É necessário não perder de vista questões cruciais como a importância do talento e a existência de obstáculos principalmente econômicos
A demanda de cursos dessa natureza surgiu impulsionada também por vários exemplos recentes de sucesso da produção cinematográfica pernambucana. A nova geração vem levando o cinema brasileiro mundo a fora. Em 2008, o cineasta Bruno Bezerra, que utiliza o pseudônimo de Tião, foi premiado no prestigiado festival de Cannes, na França, com seu curta-metragem Muro. Gabriel Mascaro, que já participou de diversos festivais internacionais com filmes como KFZ e Um lugar ao Sol, tem trazido um novo ponto de vista no que diz respeito aos filmes documentais. Há ainda outros nomes como Daniel Bandeira, Luiz Joaquim e veteranos como Kleber Mendonça Filho e Erick Lawrence.

Mais uma prova do bom momento do cinema pernambucano é o prestígio que vem ganhando o Cine PE, festival nacional que acontece no Recife e chegou à 14ª edição este ano. Com o maior público do País, o festival já reuniu 300 mil pessoas até hoje, sendo que, apenas em 2010, foram 30 mil pessoas a comparecerem ao Teatro Guararapes, onde o evento acontece. Com espaço para oficinas, apresentação de longas e curtas metragens, o Cine PE vem sendo uma boa oportunidade para os pernambucanos que querem ingressar no circuito.

Entretanto, com todo o encantamento e todas as novas possibilidades que o cinema moderno traz, é necessário não perder de vista questões cruciais como a importância do talento e a existência de obstáculos principalmente econômicos. O mercado, apesar de bem movimentado, também é bastante disputado e traz poucas possibilidades. Produtoras são caminhos rentáveis, mas depender de editais é um dos aspectos mais difíceis na produção cinematográfica. Se a economia do País vai mal, logo diminuem os subsídios para produtos culturais como os filmes. Portanto, quem se interessa pela área precisa ter não só interesse e talento, mas também bastante perseverança e espírito empreendedor para garantir um bom lugar no mercado.




Por Sílvia Gusmão

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