Uma grande notícia para Garanhuns e todo o Agreste Meridional. Em audiência pública ocorrida na quinta-feira (19/09), em que se discutia a implantação de uma passarela na travessia para o bairro de Manoel Cheu, em face das mortes que vêem acontecendo no local, o Sr. Secretário de Planejamento do Município, Dr. Fernando Nunes, anunciou a incorporação do Poder Público Municipal no pleito para impedir a passagem da duplicação da BR-423, através da zona urbana de Garanhuns e, ao mesmo tempo, defender a construção de um arco rodoviário contornando a cidade, inserido numa rodovia perimetral que permita a capilarização do entroncamento rodoviário que tem o seu epicentro na cidade de Garanhuns. Coloquei-me, desde logo, à disposição para colaborar no que for necessário, considerando por oportuno, que desde abril do corrente ano, distribuímos o texto abaixo (pertinente à defesa do tema e que permanece atualíssimo) com todos os blogueiros da região:
“Alguns tecnocratas andaram anunciando, como decisão de Governo, uma desastrada intervenção no encaminhamento do traçado da duplicação da BR-423 (São Caetano-Garanhuns), ação da maior importância para todo o Agreste Meridional que é imensamente grato ao Governador Eduardo Campos pela decisão governamental de implantar essa duplicação.
Entretanto, alguma coisa está destoando da extraordinária iniciativa. No dizer do poeta, “as cidades nascem dos sonhos” e esses sonhos não podem ser destruídos por uma insensibilidade burocrática. Os luminares de engenharia rodoviária e urbanística recusam-se considerar a absoluta e inarredável necessidade de inclusão, no projeto executivo, de uma alça de contorno à cidade de Garanhuns, sob a medíocre alegação do alto custo da obra e, com isso, pretendem DESPEJAR o consequente adensamento de tráfego em uma via urbana da cidade que acarretará – sem qualquer dúvida – na destruição de uma boa parte de Garanhuns. Isso é uma prática predatória, gerada por técnicos ainda aferrados a conceitos medievais, que nenhuma cidade do mundo atual admite mais.
Claro que essa alça proposta faria parte de um anel rodoviário contornando a cidade para racionalizar a capilarização de um importante entroncamento rodoviário, com fulcro em nossa cidade e que não está sendo devidamente avaliado. Claro que, para sua construção, não se pode atentar, apenas, para o seu custo, mas, sobretudo, para os seus aspectos técnicos, econômicos, sociais, políticos, urbanísticos, ambientais, mobilidade urbana (o mal do século), qualidade de vida, etc. não podendo se ater a mesquinhos indicadores de custo , sem avaliar sua economicidade.
Por falar em economicidade, os técnicos “esquecem” de observar a circunstância de que TODA A FAIXA DE DOMÍNIO DA ESTRADA A SER DUPLICADA ENCONTRA –SE PRESERVADA NAS MESMAS CONDIÇÕES DE SUA DESAPROPRIAÇÃO OCORRIDA HÁ MAIS DE TRINTA ANOS, ainda no governo Nilo Coelho. O custo, portanto, para desapropriações do percurso é SIMPLESMENTE ZERO. Excetuam-se, logicamente, as intervenções de interseção das estradas e acessos a cidades ao longo do seu trajeto, que existirão de qualquer modo e que evidenciam a significativa economicidade do projeto.
São importantes, portanto, algumas observações:
ENTRONCAMENTO RODOVIÁRIO:
Cruzam em Garanhuns algumas rodovias alcançando cidades importantes no contexto nordestino:
a) A própria BR-423, com início em São Caetano servindo em seu trajeto: Cachoeirinha, Altinho, Ibirajuba, Lajedo, São Bento do Una, Belo jardim, Canhotinho, Jupí, Jucatí, Calçados, Vila de Neves, Vila de São Pedro, Paranatama, Saloá, Iatí, Aguas Belas, Itaíba, Tupanatinga, Buique e Arcoverde; daí em diante cruza todo sertão alagoano, até alcançar a cidade de Paulo Afonso na Bahia.
b) A PE-177, com início em Palmares, servindo em seu trajeto: Catende, Belém de Maria, Lagôa dos Gatos , Vilas de Laje Grande e Batateiras, Jaqueira, Maraial, São Benedito do Sul, Quipapá - onde alcança a BR-104 ora em duplicação - , Panelas, Cupira, Agrestina, Caruarú, Canhotinho, Anjelim, Palmeirina e São João.
c) A BR-424, com início na Região do Pajeú, servindo em seu trajeto Arcoverde, Pedra, Venturosa,Caetés, Capoeiras, Vila de Poço Comprido, Correntes e entra no Estado das Alagoas em Santana do Mundaú até alcançar Maceió.
d) PE-218, que já está a exigir também sua duplicação, com início em Garanhuns, servindo em seu trajeto Brejão, Terezinha, Bom Conselho, até alcançar a divisa com o Estado das Alagoas no município de Palmeira dos Índios.
Desnecessário realçar que a duplicação da BR-423 resultará em forte incremento do tráfego nessas rodovias que se entrelaçam no entroncamento de Garanhuns, com reais danos e uma breve saturação da área urbana de Garanhuns.
ÁREA ATINGIDA PELA MANUTENÇÃO DO ATUAL TRAÇADO:
A BR-423, a manter-se o projeto, prejudicará uma parte substancial da cidade, sendo de relevar-se que ali já se encontram atividades de intensa movimentação viária, tais como o campus da Universidade de Pernambuco, o campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco e sua Clínica de Bovinos, o quartel do 71º B.I. e provável quartel do Batalhão da Polícia já em estudos, a U.P.A.E. com inauguração para dentro em breve, o Shopping Center já em construção e vários condomínios residenciais (privês) de alta qualidade.
Ressalte-se, ainda, que nesse trecho urbano a ser invadido pela duplicação, existem dois boqueirões profundos submetidos à uma erosão constante, sendo que o último deslizamento ocorrido em um deles, interditou uma faixa de tráfego que, dada a sua dimensão, levou alguns anos para ser reparado e, mesmo assim, já apresenta um novo afundamento da pista. Imagine-se o que vai acontecer com o alargamento resultante de sua duplicação.
Os danos serão irreparáveis para o desenvolvimento ordenado de sua área urbana; o prejuízo inevitável para sua mobilidade; a necessidade de construção das “famigeradas passarelas” de pedestres, obedecendo a uma tradicional e perversa prioridade uma vez que não permite sua utilização por quem mais precisa: os deficientes físicos e idosos que continuarão obrigados a atravessar a pista atropelando os veículos; a importuna construção das inevitáveis “lombadas” que dificultarão a rapidez do tráfego dos veículos que ultrapassarem Garanhuns em demanda às cidades do entorno; a lentidão do trânsito que prejudicará também os veículos de toda a região na sua ultrapassagem e o inexorável aumento dos acidentes que resultarão em mortes e incapacidades físicas e aí ninguém esqueça que estamos tratando de VIDAS HUMANAS.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
As cidades não são pensadas apenas para o presente e a falta de previdência pode ser destruidora. É pacífico que precisamos planejá-las pensando no futuro para que não mais ocorram os desastres urbanos já provocados, bem como e, sobretudo, o alto custo das alternativas a que estão obrigados os gestores de agora para reparar os erros dos governantes de outrora, de que são exemplos:
a) O Arco Metropolitano composto por uma auto-estrada com cerca de 70 quilômetros para contornar o Recife, que o governo Eduardo Campos está encarando para corrigir um erro do passado, a um custo altíssimo de desapropriações, na medida em que atravessa uma região de grande valorização imobiliária e sem contar o prejuízo já causado à cidade pelo atual traçado da BR-101. Os jornais do dia 26 de março divulgaram fartamente que essa obra custará a “bagatela” de R$1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos milhões de reais), enquanto os 76 quilômetros da duplicação da BR-423 custarão apenas R$450.000.000 (quatrocentos e cinqüenta milhões de reais), ou seja, cerca de 1/3 do custo desse arco rodoviário;
b) O incrível viaduto de Cinco Pontas, na cidade do Recife, uma verdadeira aberração da engenharia de trânsito e urbanismo, que está a exigir uma reformulação integral da área, incluindo a sua demolição;
c) O primor de má-concepção dos dois viadutos em frente ao Aeroporto do Recife, que desembocam os seus escapes em corredores de gelos baianos, sem falar nos inúmeros conflitos criados nos seus acessos e saídas;
d) Todos lembram que a decisão sobre a construção do túnel e do maior viaduto do Nordeste, na transposição da Russinha pela duplicação da BR-232, somente foi tomada durante a construção. A solução foi encontrada no decorrer da obra e, independentemente do seu custo, na Russinha foi possível e porque em Garanhuns a solução tem que ser a MAIS BARATA, mesmo sendo de qualidade discutível e custando a degradação da cidade?
e) Mesmo com essa solução da Russinha, não se tangenciou a cidade de Gravatá que resultou invadida e devastada pela duplicação e tem hoje 7 (sete) quilômetros de auto-estrada interditados para velocidades superiores a 40 quilômetros e vale lembrar que em dias de festas (que são constantes) a estrada fica totalmente engessada. A cidade de Gravatá tem tolerado esse absurdo porque a maioria da população à margem da estrada não vive lá e não tem qualquer relação de amor a terra, frequentando-a apenas em fins de semana.
f) Da mesma forma em que se critica a desastrada travessia de Gravatá, ressalte-se a eficiente transposição de Vitória de Santo Antão, tangenciando a cidade sem criar-lhe danos e implantando novos focos de desenvolvimento para a região. Recentemente, o Jornal do Commercio em sua seção de Economia destacou o que já denomina de “Complexo Industrial que se formou nos municípios de Glória do Goitá, Pombos e Vitória de Sto. Antão” com uma movimentação naquelas cidades na ordem de 4,3 milhões de reais mensais e significativa geração de empregos.
g) Em Caruarú, que tem apenas uma única interseção com a BR-104, já foi concluído o anel de contorno da cidade. Porque em Garanhuns não se elabora, desde logo, o projeto completo do anel rodoviário e mesmo que sua construção não se complete agora pela (alegada) escassez de recursos, que se faça a transposição da cidade mediante sua ultrapassagem em direção a Paulo Afonso através de um tangenciamento desde logo enquadrado no projeto original. O resto se faz depois, à medida em que sua necessidade se imponha através do desenvolvimento das estradas integradas e da própria cidade;
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE GARANHUNS:
Esqueçamos, no episódio, a nossa baixa-estima e vamos pensar grande e esta é a grande questão. A implantação do arco rodoviário da cidade de Garanhuns, além de todas as razões de natureza técnica já expostas, expõe a possibilidade de um desenvolvimento ordenado, no seu entorno, de uma nova fronteira de expansão da cidade, recomendada por sua localização afastada da zona residencial, em que se abrigaria um pólo industrial e de serviços, preservando-se de antemão o meio-ambiente e estabelecendo-se as normas legais de proteção da utilização dos seus espaços.
Seriam incluídos na elaboração deste mega-projeto: um distrito industrial; um espaço consentâneo para eventos (todos proclamam que a cidade não suporta mais a magnitude do Festival de Inverno e discutem a ampliação da praça de eventos atual); um centro comercial incluindo mais um shopping center; um centro de artesanato; um centro de convenções articulado com um hotel, ambos de nível internacional (os jornais do último domingo - 21.04 - dão notícia que o Centro de Convenções do Recife já está comprometido até 2015); uma unidade de qualificação profissional compatível com a demanda do projeto e reserva das áreas de estacionamento necessárias para todas essas atividades.
Considere-se o baixo custo da área a ser utilizada, diferentemente dos espaços urbanos centrais, que facilitaria sobremodo as eventuais desapropriações que se fizessem necessárias para sua implantação e, ademais, a multiplicidade das atividades permitiria a sua implantação de forma gradual, favorecendo a identificação, garimpagem e busca dos investimentos privados bastantes à sua execução.
Não se pode esquecer nessas considerações a necessidade de prever, nos referidos polos, a construção de conjuntos residenciais para abrigar os trabalhadores neles envolvidos, assegurando-lhes residência próxima aos locais de trabalho, com baixo custo e dispensando transporte coletivo em distâncias longas que resultam em estressante perda de tempo e, ademais, com essa providência, seria evitado o grave problema da FAVELIZAÇÃO, sempre recorrente nos projetos de desenvolvimento , mal ou sem planejamento adequado.
Com a necessária antecipação, em tarefa conjunta do Estado e do Município, seria elaborado um macro-projeto para essa nova fronteira que estabeleceria no seu planejamento todos os requisitos, demandas e distribuição espacial sem essa estúpida invasão da área urbana da cidade, com reais danos à qualidade de vida da população que todos temos a obrigação de preservar, para sua execução no prazo adequado às suas necessidades e possibilidade de captação de recursos.
CONCLUSÃO
Não sou autoridade nessa matéria, mas assumo a ousadia e a vaidade de intrometer-me na questão em face do nosso pioneirismo (eu e outros companheiros do Partido) no trato dessa questão, ainda em janeiro de 2012 em uma das famosas reuniões promovida pelo nosso PSB de Garanhuns, quando se discutiu amplamente a questão do projeto de duplicação da estrada São Caetano-Garanhuns. Considero lamentável que as nossas autoridades constituídas e legitimadas pelas eleições de 2012 aceitem, passivamente, a desastrada iniciativa, conforme se comprovou na audiência pública dirigida pela Secretaria de Transportes. Elas foram omissas e lenientes diante da anunciada maldade que se pretende fazer com nossa terra.”
a) IVAN RODRIGUES