O Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), aprovou o registro do Maracatu Nação, do Maracatu Baque Solto e do Cavalo-Marinho como Patrimônio Cultural do Brasil. O pedido de inclusão foi feito pela Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco.
“Tem grande significado o Estado brasileiro reconhecer essas manifestações como forma de expressão da cultura brasileira”, disse a deputada Luciana em sua saudação ao conselho. “É papel de todos nós fazer valer a identidade do povo brasileiro e estejam certos que essa decisão terá como rebatimento o fortalecimento dessas expressões”, continuou.
“Tem grande significado o Estado brasileiro reconhecer essas manifestações como forma de expressão da cultura brasileira”, disse a deputada Luciana em sua saudação ao conselho. “É papel de todos nós fazer valer a identidade do povo brasileiro e estejam certos que essa decisão terá como rebatimento o fortalecimento dessas expressões”, continuou.
Essas expressões culturais são fruto da perseverança e do esforço daqueles que fazem a cultura permanecer viva, cuidando e passando as tradições através das gerações. Como exemplo o mestre Salustiano, seu filho Manoelzinho Salustiano, que estava presente à reunião, também o mestre Grimário e Fábio Sotero, representantes dos maracatus e do cavalo-marinho.
A deputada Luciana, que é presidenta da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura, também parabenizou o secretário Marcelo Canuto pelo trabalho e pelo esforço e lembrou o empenho do ex-governador Eduardo Campos (in memorian) para a manutenção das tradições culturais. “Há um patrimônio e uma cadeia cultural muito rica em torno dessas expressões que foram aprovadas hoje por esse conselho. Por isso vamos comemorar esse momento com muita alegria, pelo fato histórico que é, e por tudo que representa para nós pernambucanos e brasileiros”.
A 77° reunião do Conselho Consultivo aconteceu hoje e amanhã na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e também analisará registro como Patrimônio Cultural da Tava Miri dos M’bya Guaranis, do Sitio São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul. Poderão ser tombados, ainda, a Coleção Geyer, do Museu Imperial de Petrópolis (RJ), o Acervo do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte (MG) e o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja, de Cachoeira (BA)
O Maracatu Nação - Também conhecido como Maracatu de Baque Virado, com a grande maioria dos grupos concentrada nas comunidades de bairros periféricos da Região Metropolitana de Recife, o Maracatu Nação é uma forma de expressão que apresenta um conjunto musical percussivo e um cortejo real, que sai às ruas para desfiles e apresentações durante o carnaval. No cortejo estão personagens que acompanham a corte real, como o séquito do rei e da rainha do Maracatu Nação e outras figuras, entre elas as baianas, os orixás, as calungas – bonecas negras confeccionadas com madeira ou pano, consideradas ícone do fundamento religioso e marco identitário dos maracatus nação.
Os grupos são compostos majoritariamente por negros e negras e carrega elementos essenciais para a memória, a identidade e a formação da população afro-brasileira. É entendido como uma forma de expressão que congrega relações comunitárias, compartilhamento de práticas, memória e fortes vínculos com o sagrado, evidenciadas por meio da relação desses grupos com os xangôs (denominação da religião dos orixás em Pernambuco) e jurema sagrada (denominação da religião de características afro-ameríndias que cultua mestres e mestras, caboclos, entre outras entidades). Os maracatus nação ainda podem remontar às antigas coroações de reis e rainhas congo.
O Maracatu Baque Solto - O folguedo conhecido por maracatu de baque solto, maracatu de orquestra, maracatu de trombone, maracatu de baque singelo ou Maracatu Rural ocorre durante as comemorações do Carnaval e da Páscoa. É composto por dança, música, poesia e está associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata, também tem apresentações na Região Metropolitana do Recife e outras localidades.
Os mais antigos maracatus foram fundados em engenhos por trabalhadores rurais, trabalhadores do canavial, cortadores de cana-de-açúcar, entre fins do século XIX e início do XX. Esta herança imaterial é revelada em gestos, performances, nos pantins de caboclos e dos arreiamás, na dança das baianas, nas loas dos mestres, nas indumentárias vestidas pelos folgazões. Diferente do Maracatu Nação, o Maracatu Baque Solto é um resultado da fusão de manifestações populares, como Cambindas, Bumba-meu-boi, Cavalo Marinho e coroação dos reis negros.
A expressão do Maracatu Baque Solto está tanto na sua musicalidade, um tipo de batuque ou baque solto, como por seus movimentos coreográficos e indumentária dos personagens e pela riqueza de seus versos de improviso. O aspecto sagrado/religioso/ritualístico é presente no folguedo durante todo o ano, durante os ensaios e sambadas, dando à manifestação a característica de ser o segredo do brinquedo, tão caro a seus detentores.
O Cavalo-Marinho - Uma brincadeira popular envolvendo performances dramáticas, musicais e coreográficas é o que caracteriza o Cavalo-Marinho, apresentado durante o ciclo natalino. e seus brincadores são, em geral, trabalhadores da Zona da Mata, mas também ecoa na região metropolitana de Recife e de João Pessoa (PB), entre outras localidades. No passado, era realizado nos engenhos de cana-de-açúcar e seu conhecimento é transmitido de forma oral.
Durante a apresentação são representadas as cenas do cotidiano e do mundo do trabalho rural, com variado repertório musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e bichos, como o boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira). Contém ainda louvação ao Divino santo Rei do Oriente e possui momentos em que há culto à Jurema Sagrada. O Cavalo-Marinho se realiza num terreiro de chão plano e, geralmente, no ar livre e reúne, ainda um grande número de elementos artístico-culturais e sócio-históricos, como mestres e os elementos da vivência do trabalho rural.
No Cavalo-Marinho constroem-se constantemente novas identidades em cima da tradição. Existem diferentes formas de brincar, o que imprime neste bem cultural uma constante transformação em função do partir do variado diálogo com brincadores.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural - O Conselho, que avalia os processos de tombamento e registro, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 23 conselheiros que representam instituições como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade civil, com conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
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