A
reunião convocada pela Secretaria da Juventude de Garanhuns para debater a
questão “Redução da Maioridade Penal”, realizada na Câmara de Vereadores de
Garanhuns, terminou com reflexo de que falta, a alguns representantes do povo, maturidade
para tratar de assuntos que lhes foge a compreensão. O debate abre
parênteses para intermináveis discussões sobre se no Brasil deve-se ou não
baixar a idade da responsabilidade criminal de 18 para 16 anos. O assunto,
naturalmente muito complexo, sobre o qual se debruçam juristas, policiais,
integrantes do Ministério Público, organizações de direitos humanos,
psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, professores, sociólogos e todo um
elenco de estudiosos de diversos setores foi amplamente debatido no plenário. A dramatização
do poema “Eu não tenho culpa”, escrita por reclusos contando a sua
trajetória de vida foi apresentado pela Jornalista e Assistente Social, Selma Mello, e "sou rica" pela professora e líder comunitária, Aparecida Nascimento, antes do início
dos trabalhos.
Sabedores
da história e com vivência junto aos pequenos infratores e comemorando o Dia do
Assistente Social, profissionais de diversos segmentos sociais participaram do
momento. A Dr.ª Luciana Vigílio (Funase), primeira convidada a falar, defendeu
a não redução da maioridade penal, estabelecendo o quão nocivo será aos menores
se aprovada a PEC 171, que tramita no Congresso Nacional. As crianças e
adolescentes segundo Luciana não tem os mínimos tipos de assistência por parte
dos governantes, que são em tempo os causadores na prática, das maiores angústias
humanas. As colocações da Dr.ª Luciana foram acatadas em geral por 99% do
público presente. A mesa diretora do debate composta por Eliane Silva,
Moredison, MIchelles, Eliane Madeira e demais presentes, identificaram na
profissional uma capacidade exímia em dissertar sobre a situação de forma
clara, reflexiva, de alto nível. As vereadoras Nelma e Carla fortaleceram a
rede se posicionando claramente contra a redução e dos malefícios que a mesma poderá
acarretar.
Para
o vereador, presidente do poder executivo de Garanhuns, Gerson Filho, deve-se levar
em conta exemplo de países muito mais avançados que o nosso, respeitando sempre
os direitos humanos, visualizando a parte jurídica que envolve o tema e se posicionou a favor da redução.
A
Polícia Civil, representada por um de seus delegados, se posicionou
a favor da redução da maioridade penal. Com muita propriedade, trazendo a tona a importância
de uma reflexão maior, atentando com mais afinco para os crimes hediondos. Os demais
membros da mesa defenderam a necessidade de uma mudança nas bases e não somente
apreensão dos jovens, dando assim, direito a formação da personalidade do
indivíduo que tem seu auge exatamente nessa idade.
VEREADOR GIL PM E DISCURSO INFLAMADO
O
Vereador Gil PM, talvez devido as experiências vividas com crianças infratoras,
trouxe à plenária um discurso inflamado e de ódio, usando frases de efeito o
legislador municipal disparou: “o estado não pariu ninguém”, “cadê a
defesa das vítimas desses maus elementos”, “são coitadinhos?" "Leve eles pra casa!" entre outras citações.
As
falas do vereador resultaram na retirada da grande maioria dos presentes, numa
clara demonstração de indignação. Aos que ainda permaneceram na “Casa do Povo”,
viram logo em seguida Gil apresentar um banner com propaganda de esportes direcionados
às crianças, coisa que de imediato foi questionada pelo professor Marcelo Neves Rodrigues,
dizendo ser aquilo para a elite; que os menos favorecidos ficariam de fora,
como sempre.
Entre
argumentos, debates e rebates o vereador aos gritos e demonstrando claramente falta
de controle, não deixou que uma psicóloga se colocasse dizendo que ela nada
sabia. Disse que a profissional trabalhava atrás de um balcão e não sabia o
que era a periferia interrompendo-a e privando-nos de ouvir sua sabedoria. Essa
mesma Psicóloga atuou na Secretaria de Assistência Social, na gestão Luís
Carlos de Oliveira juntamente ao ex-secretário da mesma, Júlio César Sampaio de
Melo que foi referência estadual devido ao grande trabalho desenvolvido por ela e
a Secretaria em questão, fato este desconhecido pelo nobre vereador.
“Respeito
todas as opiniões, porém sinto vergonha e repúdio o que presenciei!!! Sr.
Vereador não lhe faltei com respeito!!! Não preciso que o Sr me conheça ou me reconheça enquanto profissional!!! Só lhe digo uma coisa...Cheguei em algumas
das Comunidades da cidade e da região muito antes do Sr!!!! Disso não tenho
dúvidas!!!!!! E digo mais....Não trabalho atrás de mesa....a maioria dos meus
atendimentos e acompanhamento se dar no sofá das residências, quando ali têm!”
disse a psicóloga.
O público, já havia se indisposto com o presidente da Casa, Gerson Filho, que se colocou, também, favorável a retirada da Funase daquele local alegando que eles, os internos, trazem risco e medo para os moradores da localidade, partiu para o repúdio. O microfone da psicologa foi cortado. Aliás, fato que passa a ser comum naquele recinto. Registramos, como profissional da área de educação, nossa indignação ao ver um representante do povo fazendo tal tipo de apologia. Essa não é a essência da vida, bem como dissemos no início “ Quantas vezes somos palhaços, sem querer!”...
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O público, já havia se indisposto com o presidente da Casa, Gerson Filho, que se colocou, também, favorável a retirada da Funase daquele local alegando que eles, os internos, trazem risco e medo para os moradores da localidade, partiu para o repúdio. O microfone da psicologa foi cortado. Aliás, fato que passa a ser comum naquele recinto. Registramos, como profissional da área de educação, nossa indignação ao ver um representante do povo fazendo tal tipo de apologia. Essa não é a essência da vida, bem como dissemos no início “ Quantas vezes somos palhaços, sem querer!”...
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PARA ENTENDER - No
Congresso, tentativas de concretizar a medida não vinham prosperando até o dia
de hoje, a despeito da contradição que é considerar alguém de 16 anos apto e
suficientemente maduro para dirigir veículos e para escolher o presidente da
República, mas não para entender completamente a gravidade e as consequências
do ato criminoso — inclusive o mais grave de todos, o homicídio.” Uma boa parte
dos presentes ao evento ignoravam a própria história do Brasil que no início da
República o Código Penal aprovava a maioridade aos 14 anos. “O Código não foi
elaborado por uma comissão nem votado por um Parlamento, mas redigido pelo
jurista Baptista Pereira e baixado como decreto pelo então presidente
provisório Deodoro da Fonseca. Vejam o texto, na linguagem original, trecho do
decreto que promulgou o Código Penal que passou a vigorar menos de um ano após
a queda do Imperador D. Pedro II: “Decreto nº 847, de 11 de Outubro de 1890
Promulga o Código Penal. O Generalissimo Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do
Governo Provisório da Republica dos Estados Unidos do Brazil, constituído pelo
Exercito e Armada, em nome da Nação, tendo ouvido o Ministro dos Negócios da
Justiça, e reconhecendo a urgente necessidade de reformar o regimento penal,
decreta o seguinte: CÓDIGO PENAL DOS ESTADOS UNIDOS DO BRAZIL (…)
Art. 27.
Não são criminosos: § 1º Os menores de 9 anos completos; § 2º Os maiores de 9
e menores de 14, que obrarem sem discernimento; § 3º Os que por imbecilidade
nativa, ou enfraquecimento senil, forem absolutamente incapazes de imputação; §
4º Os que se acharem em estado de completa privação de sentidos e de inteligencia no ato de cometer o crime; Depois foi instituída a maioridade
penal aos 18 anos por compreender-se que é a idade onde o ser humano se torna
capaz de assumir seus erros e até mesmo votar”.
SECRETÁRIO DA JUVENTUDE PEDRO PASSOS
O
secretário da Juventude, Pedro Passos, se mostrou contra a redução da maioridade penal e falou da
sua opinião representando a pasta. “A Secretaria da Juventude é contra a
redução, pois as punições necessárias para jovens infratores já existem, não
havendo sentido criar uma lei que os puna. O que deve mudar é a forma como eles
são assistidos. A redução da maioridade penal não vai reduzir a violência,
pode, inclusive, prejudicar ainda mais o desenvolvimento social do adolescente.
Reduzir é tratar o efeito e não a causa”, enfatizou o secretário.
A
proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171, estabelece que jovens, a partir
dos 16 anos de idade, passem a ser julgados e punidos como adultos. No Brasil,
infratores menores de 18 anos cumprem suas penas em unidades socioeducativas.
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