Nota de Repúdio
Como presidente licenciado da Central Única dos Trabalhadores
de Pernambuco (CUT/PE) e candidato a deputado federal representando os direitos
da classe trabalhadora e dos sujeitos submetidos à exclusão e ao preconceito, é
sem surpresa, mas com enorme indignação que venho por meio desta nota pública
manifestar nosso absoluto repúdio contra o tratamento dado às mulheres e aos
trabalhadores durante a manifestação ocorrida hoje em Boa Viagem (Recife-PE),
promovida pelos “bolsonaristas” supostamente em defesa da “família”. Chamar as
trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros de “mortadelas” e as mulheres de
“cadelas” é de um brutal desrespeito que nem mesmo as cidadãs e os cidadãos,
por mais conservadores que sejam, podem concordar com tamanha afronta à honra, às
ideias e aos ideais das pessoas.
As manifestações em defesa de posições políticas e
partidárias são absolutamente legítimas, contudo devem ser pautadas pelos
princípios do respeito às pessoas e coletivos que têm perspectivas diversas de
mundo, bem como se fundamentar em bases pacíficas que promovam e fortaleçam a
democracia em nosso País.
Nós que compomos o outro polo desse extremo, realizamos neste
sábado uma linda caminhada com o nosso candidato Fernando Haddad e aliados na
qual reunimos milhares de pessoas que com a gente percorreram as ruas do centro
do Recife como muita alegria e pacifismo para comunicar a sociedade sobre o
nosso projeto, tendo em vista a construção de um País justo, inclusivo e
soberano sem atacar em nenhum momento, sob nenhuma hipótese, nenhum dos
opositores e nem seus apoiadores.
É oportuno, mais uma vez, alertar a sociedade brasileira
sobre as consequências nefastas de se alimentar a intolerância, o ódio e a
violência como soluções para uma nação que ainda sofre com acentuadas desigualdades
de classe, raça, etnia, gênero e orientação sexual e com as mazelas da pobreza
e do analfabetismo.
Assim, convocamos todas e todos, mesmo aquelas e aqueles que
têm projetos de sociedade diferentes do nosso, para elevarmos o nível desse
debate com propostas que ajudem a retirar Brasil do abismo onde se encontra e
construirmos uma nação cujo nível do debate não seja a quantidade de pelos no
corpo de uma mulher, mas o direito da mulher sobre seu próprio corpo; um debate
que não se restrinja à mortadela, mas se amplie para o direito de todas as
brasileiras e brasileiros à segurança alimentar com mesa farta e alimentos de
qualidade.
Carlos Veras
Presidente Licenciado da CUT/PE.
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